domingo, 30 de novembro de 2014

XCb XCountry Techs - Dicas para ir mais longe

Aproveitando que as chuvas chegaram e que é hora de treinar a mente e ir planejando a temporada 2015, ai vai uma pequena contribuição. Vamos refletir e treinar!

A primeira reflexão que convido todos a fazerem é: Quem vai levar você mais longe nesta temporada 2015? Sua técnica e decisões ou seu parapente e eletrônicos?
A segunda reflexão é: Você vai superar sua marca em sua região tradicional de voo ou vai ter que ir a Quixadá, Patu ou Tacima para superar seus 100km?

Bem, então, se você é daqueles que vai querer se superar com seus equipamentos padrões, que lhe permitem voar em segurança e com diversão, e que vai tentar fazê-lo sem se expor a voar em condições extremas, ai vão algumas dicas:

Voar XC é uma questão objetiva de colocar o máximo de distância entre seu ponto de decolagem e o ponto de pouso. De uma forma mais, digamos, Lúdica, seria também aproveitar tudo isto e explorar a viagem e fazer travessias únicas, com uma vista singular e privilegiada. Decolar de um ponto e rumar para outro desejado usando como meio de transporte o parapente e como combustível as térmicas. 
Uma viagem totalmente natural e desafiadora e que, como tal, exigem uma certa dose de planejamento, seja para voar de um ponto A a um B conhecido ou de um ponto A a um B o mais longe possível.
Vamos começar lembrando que a distância a ser coberta, quando conhecida, precisa de um tempo de X horas voando a Y km/h.

Falando então sobre voar XC, sabendo que nosso combustível são as térmicas, precisamos aprimorar nossa análise e entendimento do dia térmico.
O dia térmico, produtivo para o voo, na maior parte do Brasil, se inicia por volta das 10h e se encerra por volta das 17h30. Para evitar pousos prematuros, recomendo que a maioria comece a se aventurar buscando decolar por volta das 11h. Pratique bastante para depois se aventurar um pouco mais cedo.
Mas, avaliando o gráfico acima, o importante é lembrar que, QUANTO MAIS CEDO SE DECOLA, MAIS HORAS TENHO PARA VOAR.
Então, vamos avaliar o seguinte: Qual a minha velocidade média padrão em voos de XC em minha região? Abram seus tracklogs e avaliem. Você consegue voar em média a 25km/h? Então, pense qual marca você deseja alcançar. Seja para superar seu recorde pessoal ou fazer aquela travessia e pousar na cidade tal. Se estamos falando de 130km, basta dividir por 25 e ver quanto tempo de voo você vai precisar para cumprir seu desafio: 5h12. Sabendo deste tempo, avalie no gráfico acima qual horário você deveria decolar para conseguir voar um pouco mais de 5h. Observe que seria por volta de 12h. Ou seja, você teria que decolar meio dia e pousar por volta de 17h12.

Para complementar suas reflexões quanto a este planejamento, avalie o gráfico acima. Perceba que o dia parte para a instabilidade de maneira mais agressiva do que retorna à estabilidade ao final do dia.
Junto com esta análise, lembre-se que:

No início do dia:
1o - Encontro mais térmicas, apesar de sem um padrão definido ainda;
2o - O teto é mais baixo e demoro mais a entender o padrão térmico;
3o - A evolução no voo é mais lenta;
4o - Os intervalos entre os ciclos são indefinidos;
5o - Entre 12h e 13h haverá uma pausa, uma respirada, na condição e não devo estar baixo;

Na parte da tarde:
1o - A condição fica mais previsível;
2o - As térmicas possuem intensidade média maior e por mais tempo;
3o - O teto (altura da base das nuvens) sobe consideravelmente;
4o - As transições ficam mais longas na parte final do dia;
5o - Os intervalos entre os ciclos aumentam na parte final do dia;

Na parte final do dia:
1o - Qualquer térmica pode ser a última;
2o - O melhor lugar para largar a última térmica é no topo;
3o - Quanto mais encaixado no vento, melhor o rendimento em relação ao solo (+distância);

Sugestão para treino:
Pegue o mapa e estude-o bem. Crie uma primeira meta clara e objetiva. Se você quer os 100km, não pense numa rota de 200km para tentar fazer qualquer coisa acima de 100km. Sério, planeje um voo de 100km. Claro que, chegando lá alto, vá embora e busque o máximo possível. Nada de pousar ao chegar ao 100km. Claro que o ideal é ter em mente o que fazer e para onde ir ao chegar aos 100km, mas este passo é secundário. Muita gente cai na trave por conta de pensar o próximo antes do atual.
Bem, avaliada a rota do seu desafio (no caso aqui 100km), lembre-se que é possível fazê-lo em 5h de voo com média de 20km por hora. É uma média muito baixa, mas ideal e suficiente para o desafio dos 100km.
Sabendo que piloto de XC sempre chega cedo à rampa, não mais que 10h da manhã na maior parte do Brasil, avalie a condição e tente encaixar seu voo na melhor janela do dia. O ideal é decolar por volta das 12h, lidar bem com a respirada da condição, ou seja, começar o voo ficando alto o tempo todo até após as 13h, e depois começar a voar mais focado no objetivo. O objetivo principal é se manter em voo por 5h (O OBJETIVO PRINCIPAL É SE MANTER EM VOO POR 5H). Voe... divirta-se. Para voar uma média de 20km/h, você não precisa ficar baixo hora nenhuma. Pode parar em quase tudo que fizer seu vário apitar. Mas, FIQUE VOANDO ATÉ O FINAL DO DIA.
Ao invés de ficar baixo, tente navegar de maneira objetiva a sua rota. Evite desvios desnecessários, não fique em dúvida após tomar decisões e relaxe, observe a condição o tempo todo, busque referencias sólidas e foco na missão.

Experimente! Tenho certeza que seus horizontes irão se expandir muito além dos kms que seu GPS irá registrar.

Bons e longos voo!!!

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

XCb Trekking & Fly ES 2015 - Rota Provisória

Essa rota é uma rota provisória e aproximada. Na verdade as pernas já estão definidas e a rota total também calculada. Esta imagem, por razões estratégicas, dá apenas uma noção do trajeto. O trajeto real e as cidades alvo de cada jornada divulgarei somente 1 mês antes do início oficial do projeto, que ainda não tem data confirmada, apenas a definição de que se dará entre Março e Abril de 2015.
Para detalhar um pouco mais, a expedição se iniciará com 2 dias de caminhada, que levarão à primeira zona de voo. Dai em diante, é possível se realizar todo o restante da travessia somente voando. Não é fácil, mas é totalmente possível. Claro que devem rolar caminhadas ao menos de algumas cidades para as rampas mas, quando for possível, pousarei na própria rampa para poder optar entre acampar ou descer para um hotel e voltar para a rampa no outro dia.
Estarei usando equipamentos de voo específicos para esta modalidade esportiva, super leves, mas que também são totalmente aplicados ao XC, a união perfeita e natural para um tipo de voo em que o objetivo é atravessar, superar, viajar pelo território. Também estarei usando eletrônicos com facilidades magníficas para navegação sobre relevos mais complicados e não abro mão do SPOT para registro e segurança de todo o projeto.
Fiquem ligados. Em breve mais notícas e também divulgação de treinos.

XCb Trekking & Fly ES 2015 - Início dos treinos

Ontem iniciei oficialmente os treinamentos para o primeiro evento de Trekking & Fly do Brasil. O Trekking & Fly ES se trata da travessia de Norte a Sul do estado do Espírito Santo. Serão alguns bons kms de caminhada e possivelmente maravilhosos kms de voo pelo estado.

O estado do ES tem algumas divisões claras de relevo e clima: Ao norte, região flat e seca; A noroeste, região montanhosa e clima temperado (região famosa pela plantação de café); A oeste, montanhas e clima dígnos de europa (inclusive com maravilhosa produção de vinhos); A leste-nordeste-sudeste, o litoral úmido e quente; A sudoeste, montanhas ainda mais altas e cordilheiras e muito calor.

O primeiro dia de treinos teve alguns objetivos principais:
- Teste de vestuário: As roupas certas dos materiais adequados faz toda diferença em longas caminhadas, assim como identificar o conjunto meias + tênis que melhor protejam os pés e articulações;
- Identificar pontos mais frágeis do corpo e do condicionamento: Identificando estes pontos, fica fácil fazer as anotações e trabalhar no desenvolvimento específico dos mesmos;
- Balanceamento de carga: Identificar a posição ideal dos pesos para melhor distribuí-los na mochila;
- Configuração de Equipamentos: Identificar a altura ideal dos bastões de caminhada e também as regulagens mais confortáveis para a mochila;

Neste primeiro dia de treino, propositalmente, forcei a barra logo de cara: Sai para o treino às 14h45 debaixo de forte sol e o retorno de meio do caminho se deu às 16h50 enfrentando vento de +35km/h. O objetivo principal era provocar um desgaste excessivo do corpo (nem tanto assim) para ver a taxa de recuperação no dia seguinte. Foi muito engraçado...
Ontem por volta das 20h30 praticamente não conseguia andar direito. Usei tênis adidas RunSmart - muito leve e confortável. Mesmo assim, muito desgaste sob a ponta dos pés, nas pontas das unhas/dedos e algumas articulações dos pés. A parte interna das coxas ficaram um pouco enrijecidas e apliquei pomada analgésica e anti-inflamatória. As costas responderam muito bem, mas houve desgaste na parte direita da lombar superior.
Bom, o preparo físico é medido na verdade pela capacidade de recuperação. O que posso dizer é que desde as 10h da manhã me sinto pronto para mais 4 horas de caminhada. A única parte ainda não 100% recuperada são as pontas das unhas/dedos. Bom sinal!

Foram 21,4kms em 3h55 minutos de caminhada, o que incluiu uma parada para descanso de aproximadamente 15minutos e uma parada para filmagens de aproximadamente 10min. A média total foi de 5,5km/h e a média real de 6,12km/h. Tenho uma marcha bastante forte e consistente, mas nunca na vida me propus a tal desafio, que será caminhar 10h por dia com a missão de cobrir 60km a cada um deles com uma mochila de 10kg nas costas (nos treinos estou levando por volta de 12,5kg - 10kg de equipamento de voo e 2,5kg de água + filmadora).

Nos dias do evento estarei carregando somente a mochila com todo equipamento de voo, uma GoPro com extensor, uma garrafinha de hidratação e os bastões de caminhada. Todo equipamento extra, hidratação/alimentação complementar e vestuário variados será levado no veículo de apoio.


Bom, é isso ai. Foi dada largada ao projeto XCb Trekking & Fly ES 2015. Acompanhem notícias e treinos aqui no blog e também na fan page: facebook.com/cb.parapente

domingo, 23 de novembro de 2014

De volta aos céus do Brasil!


De volta à atividade profissional no voo livre, nada melhor que um curso de XC para amigos das antigas e novatos numa região tão bonita e gostosa de se voar quanto o Goiás. A galera de Mineiros e Jataí tem uma rampa maravilhosa em Miltolandia (Portelandia) e fazia mais de uma década que eu não voava lá. É muito bom estar de volta aos céus deste nosso Brasil.





A rampa de Miltolandia é um espetáculo. Muito ampla, grama natural, inclinação perfeita e um formato de relevo a frente fantástico que facilita o trabalho de sair logo na rampa numa boa. 

O piloto local Tiago, participante do curso XCb. Este parceiro está fazendo um bom trabalho de evolução no XC e se dedicando muito a aprender e fazer de cada voo uma aula muito consistente. Ele e o parceiro Luiz são dois grandes amigos e pilotos de XC que estão realmente buscando algo a mais no voo. Parabéns!

Estou numa agradável lua de mel com meus novos equipamentos. A selete extra leve da Sky, a Skylighter, é um espetáculo. Pilotagem bem estável, sem ser travada, conforto, construção e acabamento impecáveis.

Coisa maravilhosa... mirar a rota, ajustar a navegação, avaliar os indicadores de desempenho na rota, planejar correções e travessias... amo muito tudo isto!!

O voo foi muito bacana. Chegamos a rampa com 0% de possibilidade de voo no dia devido a um intenso vendo caudal. Após algumas observações avaliamos que era questão de tempo a condição chegar. Preparamos tudo e saimos num ciclo bem previsível.
A cada dia, a cada voo, vou me acostumando com o estilo de pilotagem do Argos. Estou um pouco ineficiente ainda nas subidas mas já estou conseguindo explorar bem a velocidade e o planeio da vela, duas qualidades que me surpreenderam na vela e que são muito bem vindas no voo de XC.

Quanta saudade desta situação pós voo, pousado em algum lugar e esperando o resgate. Finalmente é bom estar realmente de volta. Tenho muito coisa pra voar por esse nosso Brasil. Vamos que vamos!



domingo, 16 de novembro de 2014

SPOT - Segurança e Conectividade


Tenho usado o SPOT regularmente a 3 anos. O principal recurso, obviamente, é a segurança em caso de acidentes em minhas expedições e voos XC. Mas, atualmente, vejo muita utilidade prática e comercial nas funções de rastreamento online, principalmente por não usar redes celulares e sim sistema GPS e poder usar o rastreamento em tempo real com finalidade de entretenimento e compartilhamento.


No próprio site do SPOT você consegue criar uma página compartilhada que pode ser monitorada por sua família, pelo resgate via smartphone, em uma tela de TV conectada para acompanhamento em tempo real... são várias opções e para várias aplicações.
Hoje considero o SPOT um equipamento de uso obrigatório para todo piloto de XC mais sério e que realmente gosta de explorar e desbravar as rotas e regiões sem muito receio das áreas de pouso. Pense bem, recomendo adicionar o SPOT a sua lista de aquisições para a próxima temporada.
Bons e longos voos!!!

sábado, 8 de novembro de 2014

Conjunto Light da SKY - ARGOS (EN-C) + REVERSE 3 + RESERVA SOS Micro


Olá galera, finalmente voei meus equipos SKY. O dia estava tenso... plena sexta feira e ninguém subiu. Muito vento: regular entre 20km/h a 30km/h e rajadas de 40km/h.
Bom, eu tava na fissura de voar... voei.
Friso que, todo bom voo começa com uma avaliação adequada da condição e a honestidade de se entender capaz ou não de se divertir quando tirar os pés do chão.
Então, sempre avalie bem a condição e seja honesto, o que importa, no final, é a diversão.




Vamos começar a falar dos meus novos brinquedinhos então.

O PACOTE:
A mochila completa, incluindo parapente, reserva, capacete e um vário TAV 1500, pesando somente incríveis 10,5kg.

A SELETE:
Experimentei primeiro a SKY Reverse 3 New Generation. Trata-se de uma selete reversível que pesa 3,5kg. O modelo vem com container para reserva sob o assento, mas estou preferindo, no momento, usar o reserva SOS Micro - MCC Aviation (1.380gr) no container frontal, que já serve como um compacto porta instrumentos.

O PARAPENTE :
O Argos é uma vela EN-C (04/2014), com 4 tirantes finos, pouca linha, linhas superiores desencapadas e super, super, super leve. A vela tamanho ML pesa somente 4,5kg. O design me agradou por ser bonito e, principalmente, por ser autêntico e único.
DECOLAGEM:
A vela é muito leve e, acreditem, faz uma mega diferença positiva. Você espirra lá na frente, a vela sai do chão. Uma coisa que me deixou fascinado, principalmente lembrando de lugares sem vento e rampas curtas para decolar. Mais um ponto positivo é que as correções são instantaneas no momento da puxada e a pouca massa acaba não gerando tendências de overshooting.
EM VOO:
A condição estava casca e exigiu muita atenção principalmente na saida, ar próximo ao relevo. Tomei duas porradas no triturador e a vela respondeu aos comandos com pouco pêndulo frontal. Uma vez fora da parede, foi lidar com o ventão e as instabilidades das térmicas, sem stress. A vela transmite tudo ao piloto e responde aos comandos com muita precisão e agilidade.
EM VOO 2:
Apesar da condição estar forte, o conjunto ARGOS + Reverse 3 me deixou muito à vontade para enroscar, testar o pitch e o bank angle da vela. A selete, primeira vez que uso uma reversível, simplesmente é muito confortável, tem uma suspensão efetiva e que não trava o piloto, recebendo e passando comandos precisos.
EM VOO 3:
Que alegria voar um parapente bom. O ARGOS, sem dúvida, está entrando na minha lista dos bons parapentes. A relação começou bem e tenho certeza que me renderá grandes/longos frutos. Pude voar muito tempo com 30% acelerado sem atuar nos batoques e atravessar instabilidades somente balanceando a vela com o corpo. A vela ML vai até 100kg e decolei com 98kg. A carga alar padrão é alta e, mesmo parecendo um parapente pequeno, a área é a necessária e funciona muito bem.
EM VOO 4:
Nunca busquei o melhor parapente, tem que ser bom. Com o ARGOS, tenham certeza, vocês verão a teoria na prática: voar bem é primeiro um exercício mental e as tecnologias são apenas meio. A SKY produziu uma obra de arte requintada pela simplicidade e qualidade de construção. Quando fui para pouso, a uns 150m do chão, observei as árvores dançando funk das cachorras e pensei, que teste fenomenal (sim, também pensei "que merda").
EM VOO 5:
A 150m do chão mandei orelhas e pé no speedbar. Optei por testar as reações da vela no conjunto com a selete. Em momento algum atuei nos batoques, somente balanceamento de corpo para atenuar os pêndulos na entrada da camada de chão do vento. Que sensação de segurança. Fiquei um pouco tenso pela opção de não comandar com as mãos, mas a vela me deu esta garantia. Soltei as orelhas a 10m do chão e pousei tranquilo e em segurança.
PÓS POUSO:
Dobrar velas com talas na ventaca é um caos com ou sem origami. Este projeto do ARGOS requer apenas paciência e você vai enrolando cada lado até o centro. Quando a vela está dobrada, você não acredita no volume do pacote nem na facilidade que foi. Ai vem meu atual sonho de consumo (agora realidade): uma mochila pequena, compacta e leve COM TODO O EQUIPAMENTO DENTRO.

Como alguns já sabem, tenho um projeto muito interessante e inovador no Brasil para 2015. Vou atravessar o estado do Espírito Santo (ES) de norte a sul na modalidade Trekking & Fly. Vou somente caminhar e/ou voar durante todo o percurso. Serão quase 600km de percurso e meus equipamentos já estão em teste prático.
Acompanhem o blog e fiquem ligados em mais notícias e novidades XCb pelos céus deste nosso Brasil.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Novos Projetos EN-B e EN-C

Olá amigos pilotos!
O primeiro artigo deste retorno será conectado com a atual realidade de nosso mercado de oferta de modelos de parapentes para a maior parte dos pilotos ativos no Brasil e no mundo: os pilotos de diversão, lazer e final de semana.
A grande maioria dos pilotos se diverte fazendo voos locais e uma grande parcela, principalmente no Brasil, está começando a se entregar aos prazeres de viajar com seu parapente utilizando somente as térmicas e seus conhecimentos como combustível para ir cada vez mais longe.
Bom, a boa notícia é que existe uma bela variedade de modelos de parapentes no mercado atualmente que suportam a missão de te levar onde seus conhecimentos le permitirem com muita eficiência e segurança.
Bem, estou me referindo aos parapentes das classes EN-B e EN-C.



Estes dois primeiros modelos, como já é do conhecimento de muitos, são as duas máquinas tidas como as mais quentes do mercado aqui no Brasil. Os pilotos Rogério Félix e Alessandro Heringer foram os responsáveis aqui por pilotar o modelo da Skywalk, o Chili3, e provar que este é muito capaz de voar com segurança e entregando uma performance surpreendente.
O modelo da Gin, o Carrera, também vem fazendo muito sucesso no mercado, por enquanto ainda mais fora do Brasil.
Bem, o ponto é o seguinte: são duas velas da categoria B e que, nitidamente, se classificam como B Hot, por apresentarem características de pilotagem mais viva, mais ativa, com maior demanda de atuação do piloto durante o voo.


O Delta 2, projeto da tradicional e renomada Ozone, é uma vela da categoria EN-C. Diferentemente das Chili 3 e Carrera, o Delta 2 não fez tanto estardalhaço em nosso mercado. Qual a razão? Quem explica?
Bem, na verdade não há o que ser explicado. O grande problema aqui é a confusão entre classificação de uma vela na norma EN/LTF com a sua performance. A norma, LEMBREM-SE TODOS, apenas certifica que este ou aquele parapente, UMA VEZ EM SITUAÇÃO DE COLAPSO PROVOCADO EM ATMOSFERA ESTÁVEL SOBRE ÁGUA, tem um comportamento previsto na norma da categoria A, B, C ou D. Só isto!
Sim, é de se pensar (e faz sentido na prática) que um projeto mais seguro teve seu projeto desenvolvido de maneira mais conservadora que um projeto um pouco mais apimentado. Mas... será que está tudo certo agora? Na verdade não.
O Delta 2, para dar um exemplo, tem um estilo de pilotagem muito, consideravelmente, mais estável que os modelos Chili 3 e Carrera. Ou seja, quando voando, o piloto tem uma tranquilidade de pilotagem e margem de manobrabilidade superiores aos disponíveis no Chili 3 e Carrera. Apesar de que, uma vez em situação de colapso, estas duas terem uma reação menos agressiva que o Delta 2. E ai... ficou mais claro ou mais confusa a história?


Para melhor entendimento, vamos usar o Golden 4 da renomada marca Checa Gradiente.
O Golden 4 é uma vela B mais tradicional, com reações certificadas no meio da categoria e com performance de respeito e totalmente adequada ao mercado atual.
Bem, se fizermos um comparativo em voo entre o Golden 4, Chili 3 e o Carrera... provavelmente o piloto do Golden 4 se sentirá voando numa vela de uma categoria inferior. A diferença básica é muito grande? Nem tanto assim, mas perceptível a ponto do piloto talvez se sentir num equipamento "inferior".
Ai está o ponto que quero ALERTAR aos pilotos: não se pode confundir o nível de certificação de um parapente com o seu nível de performance e tão pouco se pode confundir o nível de certificação com o nível de pilotagem ativa necessário para se sentir confortável com o parapente.
E é dai que sai a minha mensagem principal neste post: ao escolher um parapente, não tome como base somente a certificação do mesmo. Consulte pilotos que possuam o parapente, tente fazer um test fly antes de confirmar sua opção e, principalmente, consulte, pergunte, se informe com pilotos mais experientes.
Como sempre digo em minhas palestras XCb, o que leva um piloto mais longe num voo de distância (XC) é a sua mente, seu grau de conhecimento teórico e prático e suas habilidades mecanicas de pilotar, aproveitar bem cada ascendente e voar de maneira objetiva e eficáz nas transições.


Para citar um outro exemplo de velas da categoria B, apenas para melhor entendimento do já exposto até aqui, vale avaliar o projeto Mentor 4, da pioneira Nova. O Mentor 4 se trata de uma vela certificada na categoria B e com grau de exigência de pilotagem um pouco avançado, mas dentro de uma faixa tolerada, na minha opinião, para pilotos com o perfil de pilotagem B intermediário.
Um projeto de sucesso desde sua primeira versão e que vem se aprimorando a cada novo lançamento.


Avançando um pouco mais no assunto, cito alguns projetos EN-C que estão ganhando destaque no mercado mundial. O novíssimo Elan, da MAC, tem sido bastante elogiado pela mídia e pilotos pelo mundo todo como uma vela do meio da categoria C, não sendo uma C Hot, e com performance adequada e comparável com qualquer C do mercado, Hot ou não.
Uma de suas características mais elogiadas tem sido sua capacidade de subida em térmicas, uma parte do voo muito crítica para o sucesso em qualquer XC.
Não têm sido raros os comentários de alguns pilotos de que se pode pilotar velas C com "aparente" sensação de maior tranquilidade do que algumas velas B. Isto, eu posso assegurar, É FATO.


Para finalizar, eu não poderia deixar de tocar em um outro assunto que é a questão do modismo tecnológico versus resultados práticos de um projeto de parapente.
Recentemente fechei uma parceria com a Sky Paragliders, uma parceria que já havia sido preparada em 2013 mas que foi posta na gaveta por uma opção pessoal minha de dar uma desconectada do lado profissional do voo.
Tive o prazer então de conhecer o projeto Argos, uma vela certificada EN-C. O Argos vem chamando a atenção do mundo do parapente por ter posto à prova um conceito que eu já conhecia de muitos anos em conversas com projetistas e que no mercado acaba não sendo visto pelos pilotos menos engajados no lado profissional do esporte.
Eu sempre disse que existem nos projetos de parapente recursos técnicos e recursos tecnológicos. Os recursos técnicos são aqueles que aplicam-se a produzir resultados diferenciados. Os recursos tecnológicos são aqueles utilizados para agregar tecnologia ao projeto. Nem sempre tecnologia é igual a resultado diferenciado.
O meu amigo pessoal e projetista André Rottet, nunca acreditou no Rigid Foil. Nunca acreditou e nunca os incluiu no seu projeto. Sempre foi taxado de cabeça dura por muitos. Bem, onde andam os tais Rigid Foils nos projetos atuais?
Quando a Ozone lançou com sucesso (não significa que tenha sido a precursora) as talas e a suspensão com apenas 2 linhas (híbrido), ai sim meu amigo André o que fez? Soltou o 2o parapente do mundo com tais recursos técnicos e tecnológicos, evoluindo para 2 linhas puro, e que realmente voava com estabilidade e segurança.
Quanto ao Argos, o que o faz assim tão estranho ao mundo das tendências hoje em dia? Não usa talas, não usa Rigid Foils, não usa micro células, não usa Shark Nose, não usa 2 e, acreditem, nem 3 linhas. Sim, isto mesmo. Mas, o mais incrível é: A VELA ENTREGA O RESULTADO FINAL IGUAL, SE NÃO SUPERIOR, EM TODOS OS QUESITOS DE PERFORMANCE EM VOO, AO DA GRANDE MAIORIA DOS PROJETOS DO MERCADO QUE SAEM DE FÁBRICA COM TODOS OS SABORES DE TECNOLOGIA EMBARCADOS.
Lembro de quando as velas de competição foram para as 3 linhas e meu parceiro André se manteve nas 4 linhas. Sim, as críticas choveram... cabeça dura!!! Lembro bem das explicações que ele me deu descrevendo a complexidade de se manter o perfil estável. Lembro da vela do, saudoso, Nicolay - Boomerang, que tinha um enorme vinco no extradorso... Bem, infelizmente, uma realidade conhecida somente por projetistas e pilotos muito técnicos.
Bom, este texto não tem a intenção de criar realidades, apenas de provocar reflexões. Trocar pontos finais por interrogações.
Divirtam-se e voem tranquilos. NO XC, MAIS VALE MENOS STRESS DO QUE MAIS VELOCIDADE E PLANEIO!!!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Voltando à ativa!

Estou de volta. A energia está no máximo e bons projetos estão desenhados para 2015.
Este nosso espaço está ativo novamente e espero poder contribuir com conteúdos e emoções de cada novo projeto e expedição executados.
Foi um ano de desaceleração que me fez muito bem em vários aspectos. Retomo as atividades profissionais do voo com novos patrocínios e a retomada de uma parceria de sucesso com a Tirante A.
Fiquem ligados e vamos que vamos!!!