domingo, 11 de janeiro de 2015

SKY ARGOS - Tecnologia x Moda

A cada dia de voo, a cada comparação prática que consigo fazer em voo com o SKY ARGOS e outros parapentes, fico mais impressionado positivamente com o resultado que a equipe da Sky Paragliders conseguiu neste parapente, isso mesmo sem o uso de qualquer item tido hoje como essencial à construção de um bom parapente.


O ARGOS é uma vela EN-C padrão. Não se trata de low nem high end. Apenas uma vela EN-C. A vela não usa os recursos de TALAS, RIGIDFOIL, SHARK NOSE e nem tem 3 TIRANTES. Sim, trata-se de uma vela tradicional em toda sua construção e com 4 tirantes.
Sim, o ARGOS é uma vela refinada e muito bem construida. A Sky optou por usar tecidos com gramaturas menores (isso sim uma tendência também). O Argos usa linhas finas em todas as galerias e linhas desencapadas na galeria superior que se conecta ao velame.

Os tirantes são finos e construidos de forma a dar uma harmonia maior ao parapente quando se usa o sistema de aceleração.
O que tenho percebido é que a resposta do Argos aos tradicionais 30% de acelerador nas transições tem sido superior a de outros parapentes da mesma categoria tanto em ganho de velocidade quanto em planeio efetivo instantãneo.
Em resumo, um parapente adequado à categoria e com pedigri de XC.

Bons e longos voos a todos!!!

Voozinho - Alfredo Chaves x Cachoeiro do Itapemirim

A condição estava meio estranha, mas mesmo assim subimos eu (SKY Argos - EN C) e Marcelo Ratis (MAC Elan - EN C) para fazer um XC. O objetivo era voar para Oeste (atrás da rampa de Alfredo) e tentar fazer uma rota para Castelo e Jerônimo Monteiro. Subimos animados e já fomos preparando os equipamentos e decolamos. Na saida a condição já se mostrava bem ativa. Sai e já mandei alguns bordos na cara da rampa. Fui rastreando e cheguei sobre a casa do Larica, onde peguei uma condição bem intensa que foi arredondando e subindo forte. O Marcelo decolou um pouco antes e passou direto para o paredão da antena. Ele achou uma condição, mas demorou mais a engatar forte. Fui para a estratosfera e fiquei enrolando para o Marcelo juntar um pouco. Bati mais de 2.000m e dei o primeiro tiro para Oeste. O visual do relevo e das restrições de pouso são de arrepiar, mas homem é homem e menino é menino. Mandamos bala. Fui na frente e a tranquilidade só veio quando bati na 2a do dia e consegui subir muito bem, voltando para o 2o andar. O Marcelo veio rápido e pulou na mesma. Dali vimos que o voo não ia ter o apoio do vento e alteramos a rota para sul, passando por Cachoeiro.


Transição já na rota alterada, seguindo rumo a Cachoeiro do Itapemirim. Acabamos saindo da região de montanhas atrás de Iconha. Acabou que a tirada inicial virou um mero contorno e distância que é bom... quase nada. Mas valeu demais o visual e a experimentação desta rota.


Na foto abaixo, já alinhado para Rio Novo do Sul. De lá passaríamos pelo Frade e a Freira e atravessaríamos o vale de Cachoeiro ou entraríamos para Cachoeiro, seguindo dentro do continente. Dependeria do comportamento do vento no vale.

 

Alguns voos nos reservam ao seu final apenas a distância como recompensa. Neste voo de ontem, apesar de a distância final não ter sido grandes coisas, o que valeu foi o grau de dificuldade técnica para fazer a rota, a concentração para enfrentar 2 horas de voo bem ativo e tomando porrada e, o melhor de tudo, ficar um tempo colado no famoso paredão de pedra do Frade e a Freira.




Entramos a direita de Rio Novo um pouco baixo e falei com o Marcelo para nos segurarmos numa bolhinha e garantirmos a escorregada para o paredão que de lá deveríamos sair. Ficamos uns 10min presos no paredão mas não conseguiamos encaixar uma boa para sair. Foi quando falei com o Marcelo que daria um último tiro e se não subisse iria abandonar. Quando botamos no tiro, o Marcelo me avisa no rádio uns urubus subindo bem. Ele encaixou rápido e subiu, eu passei um pouco do ponto e ao retornar não consegui encaixar, o fluxo passou muito rápido.
 

Como o Marcelo subia bem, eu não podia mais simplesmente abandonar o voo e fazê-lo também abandonar. Consegui subir um pouco e com o mínimo suficiente dei um tiro para o outro lado, seguindo a rota, em busca de alguma coisa.
Avisei ao Marcelo para manter e focar o voo que eu não ia largar o osso. Fui rastreando uma linha até o chão... chão... chão... ventão... chão... turbulência... voo em "S" (snake flight) para alimentar o ThermalCompass (TC)... avalio uma rampa perfeita para uma possível saida e o TC me aponta a direção exata de um movimento ascendente. Pow... pi pi pi pi piiiiiiiiii... Canhão!!!
Fui para a estratosfera no início da travessia da boca do vale de Cachoeiro. O Marcelo tirou de onde estava e veio para a termal e reconectamos o voo.




No vale de Cachoeiro avaliamos se era para entrar para Cachoeiro ou se deveríamos continuar descendo para Sul. O vento não dava opção, era continuar descendo para sul.
Quando fizemos a opção o Marcelo me chama no rádio e fala que já deu. Agora era a hora dele propor que abandonássemos o voo. Eu propus seguirmos mais um pouco, mas a ralação tava foda. Conseguiamos boas térmicas, mas a condição estava muito brigada e as chances de fazer mais 50km eram as mesmas de pousar nos próximos 10km. Optamos por abandonar o voo e pousar as margens da BR 101. 


Neste voo, por experiência, usei um rádio BAOFENG DUAL BAND. Ano passado recebi alguns questionamentos quanto a estes rádios e não tinha como falar com muita propriedade. Bem, resolvi comprar um com meu parceiro Igor (www.skydriver.com.br) e experimentar.
O grande teste será o de durabilidade. Rádios HT/Móveis 2m normalmente duram uma vida. Eu sempre usei Yaesu/Vertex ou iCom. Nos últimos 13 anos tenho usado somente iCom, inclusive meu rádio base instalado no carro também é iCom. Longa vida e resistência aos trancos são as maiores características que um rádio deve apresentar além, obviamente, do correto funcionamento com emissão compatível com sua potência.
O que posso falar é que o falante funciona muito bem. Voei usando o sistema de áudio/mic conectado ao rádio que, por ser bem compacto e leve, levei dentro do meu porta instrumentos. O sistema de fone encaixa muito bem na orelha e não incomoda em nada com o uso do capacete. O PTT tem um pequeno prendedor no fio que permite regular posição e afixação para uso em voo sem maiores complicações.
Bem, por enquanto é isto. Continuo levando meu iCom na bolsa para possíveis imprevistos (sim, sou meio desconfiado também) mas vou experimentar o BAOFENG como principal para em breve dar novos relatos. Por enquanto, o custo x benefício vale muito a pena.


Voar XC é a minha paixão e por mais de 15 anos meu padrão foi voar sozinho. Acho que, justamente por isto, aprecio mais quando acho um piloto bom que se anima e consegue voar junto comigo o tempo todo. Sou muito objetivo no voo de XC e não gosto de perder tempo nem ficar enrolando... isto acaba quebrando algumas regras e dificulta que outros pilotos voem o tempo todo comigo. Mas nestes últimos dias foi gratificante fazer alguns voos na companhia do meu parceiro Igor Perácio e agora com o grande Marcelo Ratis. Show!!!


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Tecnologias para voo XC - ThermoCompass

O voo de XC realmente é um grande campo para estudo, prática e experimentação de técnicas, teorias e tecnologias. O universo de conhecimentos aplicáveis a cada momento do voo é muito amplo e gostaria de, neste momento, falar sobre um aplicativo que ainda é visto com muita desconfiança pelos pilotos aqui no Brasil: ThermoCompass.

Observem que em meu cockpit uso um CONQUEST com LK8000 (Tirante A) para navegação técnica e um FT130 com ThermoCompass (Holux importado/distribuido pela Tirante A) para auxílio a localização de térmicas (áreas de instabilidade).
O ThermoCompass é um aplicativo desenvolvido com base na disciplina científica termodinâmica. Seu princípio de funcionamento utiliza a plataforma FT130 justamente por este equipamento possuir GPS + Barômetro + Acelerômetro, recursos que permitem ao aplicativo fazer uma leitura das perturbações atmosféricas e, com um alto grau de precisão, identificar e apontar a direção de locais que demonstram movimentações características de térmicas.
Vou falar um pouco sobre as duas telas que mais uso na prática:
Nesta tela, que chamamos de rastreadora de térmicas, temos 4 campos de dados (selecionáveis com um simples toque) e, na região central, temos um esquema que mostra a nossa direção de voo (grande seta em triângulo preto apontando para a frente), um ponteiro para a direção da área de perturbação identificada, um cilindro preto que identifica a área para giro na térmica e um cilindro amarelo que identifica a térmica e sua intensidade e, por fim, uma seta em azul que aponta a direção do vento (de/para).
O princípio básico é voar rastreando de acordo com a necessidade do momento (precisando ou não de uma térmica) seguindo o ponteiro TC e buscando centralizar a térmica e área de giro na tela, o que significa que o piloto está bem centrado na termal.
Lembrar que, quanto mais reto o piloto voa, menos dados da atmosfera o equipamento e o aplicativo coletam e menor a precisão. O ideal é o tradicional voo snake flight (voar em "S") e alguns giros em linhas de sustentação no meio do caminho. Isto leva a uma melhor coleta de dados e maior precisão do equipamento/aplicativo.


Nesta tela, que chamamos de tela de navegação, temos os mesmos 4 campos de dados selecionáveis e, na região central, um esquema que identifica as áreas de instabilidade e formações térmicas ao nosso redor, temos a seta de indicação do vento (de/para) e temos um desenho que demonstra nosso horizonte artificial em voo.
Eu voo mais nesta tela. Eu uso as informações para identificar as regiões de instabilidade para usar ou não, uso o horizonte artificial para tentar manter uma transição mais equilibrada e evitar perda de energia cinética (sustentação) e também a seta de vento para uma maior eficácia.
Quanto maior o cilindro amarelo ao redor do esquema central, maior a intensidade da instabilidade identificada.
Lembrar que, quanto mais reto o piloto voa, menos dados da atmosfera o equipamento e o aplicativo coletam e menor a precisão. O ideal é o tradicional voo snake flight (voar em "S") e alguns giros em linhas de sustentação no meio do caminho. Isto leva a uma melhor coleta de dados e maior precisão do equipamento/aplicativo. 


O entendimento do funcionamento do ThermoCompass (TC) é necessário para que o piloto possa fazer um melhor uso da tecnologia. O que o TC faz é perceber e registrar as variações de pressão acompanhadas das ondas horizontais provocadas pelas térmicas e transmitir isto ao piloto na forma de indicação de áreas e intensidades.
Uso o TC a mais de 3 anos e posso garantir que sua eficácia, apesar de limitada a um raio de aproximadamente 500m, tem sido superior a 80% em meus voos.

Pesquisem um pouco mais sobre o assunto. Em breve vou dar mais detalhes sobre o uso prático do TC.

Bons e longos voos!!!

Mais uns dias de voo livre

Saimos de Vila Velha na 6a cedo, eu e meu amigo Igor (de BH que está passando uns dias em minha casa aqui no litoral) com destino a Mantenópolis-ES para conhecer a nova rampa que fica no distrito de Santa Luzia de Mantenópolis.
Esta foto é da rampa de baixo. A rampa é simplesmente gigantesca e tem opções de decolagem no topo e abaixo de acordo com o vento. O proprietário é um cara muito bacana e está fazendo uma estrutura de locomoção muito adequada tanto no acesso principal à rampa quanto para deslocamento entre a rampa de cima e a de baixo.
A rampa é espetacular. O formato é concentrador de vento e térmicas e torna praticamente impossível pregar. Estou muito confiante no potencial da rampa e vou buscar o recorde capixaba lá nas próximas semanas.
foto: Custódio

Apesar de fazermos um bom voo na nova rampa de Mantenópolis, não conseguimos sair para o XC. Depois do voo fomos tomar uma cerveja em Barra do São Francisco e então à noite voltamos a Mantenópolis.

No amanhecer de sábado estávamos com muitas expectativas mas o tempo fechou demais em Mantenópolis e acabamos decidindo ir para Valadares (heheheheheh).

Chegamos a Valadares sábado umas 11h, pegamos nosso fiel escudeiro Gustavo para resgate e subimos direto para a rampa. Foram 3 dias muito bons de voo, diversão com os amigos e muitas, muitas, muitas risadas.... um show como sempre.






Uma das boas experiências deste dias de voo foi voar junto com meu parceiro Igor. Ele conseguiu seguir as dicas e não perder tempo para me seguir o tempo todo. Eu sempre voei sozinho, mas confesso que voar com um grande amigo num XC é um prazer muito maior.



Neste dia voamos a rota para Naque (SW), atravessando o Rio Doce na altura da nova barragem às margens da BR381. Neste dia, apesar de estarmos bem, acabamos abortando o voo por conta de o Igor ter ficado sem rádio (amadores.... bateria acabou).


Na 2a feira decolamos juntos mais uma vez, um pouco mais cedo, mas a saida estava bem complicada. Fomos subir no paredão à direita da decolagem norte da Ibituruna. Nesta ralação na parede o Igor acabou tendo um pouco de dificuldade e ficou para trás. Eu consegui ir me segurando e encaixando o fluxo até pegar um canhão sobre o lago que fica no topo da Ibituruna à direita da rampa.
A missão do Igor virou se manter voando, o que ele fez até Alpercata. De qualquer forma, foi guerreira e mandou muito... não estava fácil.
Eu sai da base sobre a rampa e mandei para a rota. Passei 2 gringos e os encontrei depois quando saia do chão próximo a Alpercata. Foi muito bom esta situação... na subida para a base pude ver que o Argos rendeu muito e não ficou devendo nada ao IcePeak7 Pro do Alemão. Na tirada, também fiz um teste muito maluco: O gringo uns 100m à  minha esquerda e uns 200m à frente. Foquei nele, 30% de speed e simplesmente foi chegando... chegando... com um planeio excelente... chegando... passando... passando e passei o IcePeak7 Pro. Bom, estou ansioso para colar o Argos ao lado das demais atuais velas EN-C do mercado... mas na minha cabeça a confiança já está estabelecida depois de alguns testes nestes últimos voos. Que satisfação saber que tenho uma máquina tão eficiente nas mãos.






Não... as orelhas feitas na foto abaixo não são enfeite ou gracinha. Decolei no sábado com um grande embolo nas linhas do freio do lado esquerdo... muito ruim. Avaliei se daria para ir pro XC mas ia me segurar demais nas transições e me fazer sem energia nas térmicas. Optei por pousar na rampa.


Outro detalhes que preciso comentar é que minha nova selete para XC, a Skylighter II (da Sky Paragliders) a cada dia se torna mais parte do meu corpo em voo. Incrível sua pilotabilidade, conforto, acessibilidade das regulagens.... um espetáculo mesmo.
A selete pesa somente 3,2kg e tem um design que preza pelo conforto e também pela limpeza aerodinamica. Adicionalmente, a selete é muito bonita.
O acelerador é muito leve e a selete trabalha muito alinhada de acordo com a intensidade que o piloto usa no speed system. Bom, não adianta eu falar... não adianta ler... assim que puderem, experimentem uma.

Nas fotos abaixo o registro de um fim de dia muito gratificante após 2h de voo juntos. Foi muito bom!