TeF - ES

> Trekking and Fly ES 2019

Foi dada a Largada!

Começou a aventura mais épica do Parapente no Brasil. Atravessar um estado inteiro, de norte a sul, usando nada mais do que as pernas e um parapente. Sair da divisa norte do ES e ir caminhando rumo ao sul buscando, sempre que possível, um local para voo que permita evoluir o máximo possível também pelos céus. Nenhuma outra forma de locomoção é permitida, exceto deslocamentos pontuais para apoio ou urgências, voltando ao ponto exato da origem do deslocamento para a continuidade válida da travessia. Nesse TEF-ES 2019 não há apoio de veículo por terra, o que já era uma mega aventura esse ano será ainda mais desafiador. Curtam e compartilhem!!!

Dia 1 - 18.03.2019

Peguei um ônibus de Vitória-ES para Nanuque-MG ontem, 17/03/2019, às 21h30 para já chegar à divisa por volta das 4h da manhã e a primeira comédia já aconteceu. Eu, na certeza de que o ônibus passaria por Montanha-ES, pedi ao motorista para me deixar na divisa "dos estados", próximo a Nanuque (que pra mim seria obviamente a divisa ES x MG). O maledeto do busão, Vitória x Nanuque, na verdade, passa pelo sul da Bahia amigossss.... kkkkkkk. Então o motorista passou a divisa ES x BA e depois a BA x MG. Sorte que ele lembrou que era pra me deixar na mais próxima de Nanuque e me deixou na fronteira BA x MG, mas a 22km de Nanuque e a 32km da divisa correta, MG x ES, onde o TEF-ES 2019 iria começar.


Ao descer do ônibus eu não reconheci o local, mas imaginei que pudesse ter que andar um pouco até o ponto exato. Saí às 4h15 e perdi 30min de caminhada até certificar que estava no lugar errado. Bem, mais 30min de caminhada de volta ao vilarejo onde desci e outra espera até as 7h20 para pegar uma condução para Nanuque, onde peguei um taxi para a divisa correta, MG x ES.
MARCO ZERO - DIVISA MG X ES
No marco zero, divisa ES x MG, preparei os bastões, cambelbag, rastreador SPOT, ajustei os tênis e comecei pela 2a vez o TEF-ES. A caminhada foi bem padrão nas duas primeiras horas, num ritmo até puxado, e depois fiz 1h de caminhada mais regeneradora. Tudo indo muito bem, o peso, as pernas... tudo certinho, só que tinha uma coisa fora do planejado rolando. Era para ter começado a caminhada no Marco Zero, no máximo, às 6h da manhã e chegar ao trevo de Montanha-ES e começar a subida da montanha para voo por volta das 10h. Infelizmente o imprevisto inicial com o ônibus e divisa correta me fez começar a caminhada no Marco Zero às 9h (8h50).

Parece um pequeno detalhe esse atraso de 3h para o início da caminhada, só que isso simplesmente me fez realizar a caminhada toda num horário de sol muito desgastante. Deixei de caminhar das 6h às 10h e acabei fazendo a primeira perna das 9h às 13h... andei num horário bem punk para aquela região.
No quesito dificuldade técnica a primeira perna não tinha qualquer dificuldade. Essa primeira perna era toda feita em asfalto de rodovia com acostamento e baixo tráfego de veículo. Nenhuma grande subida durante o trajeto oferecia desgaste extra. A única característica completamente inesperada do trajeto é que não há nenhum local de apoio durante todo o trajeto. Nenhum bar, nenhum posto de gasolina... nada. Existe apenas um pequeno vilarejo no meio do caminho, que eu inocentemente não usei, no qual certamente se pode achar alguma venda ou mercearia para comprar algo. Eu descobri tarde que lá seria meu único ponto de apoio e segui o caminho. Isto me custo muito caro.

Sempre acreditando num possível ponto de apoio logo "ali à frente", acabei ficando sem água na última hora do trajeto. Mesmo tendo ClorIn para purificar água e tendo passado por algumas lagoas ao longo do caminho, acabei não querendo arriscar um problema estomacal logo no primeiro dia do projeto. Com gado e algumas lavouras próximo às lagoas, o risco de contaminação é muito alto, não é o mesmo que fontes de água no alto de montanhas.

Cheguei ao trevo para Montanha, 22km, às 13h e somente lá encontrei uma fazenda que tinha peões trabalhando próximo à rodovia e onde pude pedir água. Fui convidado à sede e lá pude beber água, conversar com o amável sr. Joaquim Mineiro (proprietário), tomar uma ducha de água mineral natural e comer. Infelizmente meu corpo não comia... uma comida muito boa, dada de coração e não consegui comer quase nada. Creio ter beirado a desidratação e esse foi um dos sintomas.

Bem, após alguma conversa extra, informações sobre o acesso para a possível rampa e outra ducha me equipei e segui para a pedra 3 Morros, de onde pretendia voar. O acesso mais objetivo, saindo do trevo da rodovia, obrigatoriamente passava pela sede da fazenda e, como não podia ser diferente, conversei com um peão, passei informações do meu projeto e solicitei autorização para a subida. Infelizmente o proprietário não autorizou a subida e ferrou todo o planejamento do dia.
A condição estava fantástica, eu ainda decolaria até umas 15h, com tempo de sobra para voar até Itamira. O dia estava clássico e o vento perfeito para a 1a perna. Infelizmente o dia foi comprometido e tive que replanejar logo de cara uma alternativa.

Não tinha alternativa, a não ser evoluir no trekking. Resolvi esperar o sol baixar, descansar um pouco mais e partir para o próximo destino, originalmente Itamira. Eu estava bem condicionado, a carga estava adequada e imprevistos fazem parte de uma projeto dessa magnitude.
O trekking era relativamente tranquilo. Não havia planejado aquela parte por terra, mas era noite, temperatura amena e o jeito era evoluir. O plano original era caminhar somente os primeiros 25km até a decolagem e voar para o segundo ponto, Itamira, mas agora estava por terra evoluindo o máximo que pudesse e alerta para evitar desgaste excessivo e não comprometer também o segundo dia. Enquanto ia caminhando, mesmo à noite, conseguia observar as silhuetas de algumas pequenas serras e ao consultar os mapas no celular vi que havia um ponto potencial para decolagem uns 10km antes de Itamira. Consegui pegar informação com um morador, que também me abasteceu com água, e vi que o local teria todas as condições para tentar uma decolagem. Então, caminhei até o local redefinido como o objetivo para o dia, a Pedra do Soares, 12km antes de Itamira.

Caminhei até a porteira de entrada para a casa da sede ao lado do acesso à Pedra do Soares, armando a barraca às 21h30 no pasto da fazenda e finalizando assim o primeiro dia do TEF-ES 2019. Nem um pouco perto do planejado, mas vivendo a aventura.

Dia 2 - 19.03.2019

O primeiro dia havia sido superado e repleto de imprevistos. Não dormi nada bem na barraca, mas era só a primeira noite e a aventura tinha que continuar. Interessante como num só dia já havia me deparado com as diferenças cruciais do primeiro TEF-ES para esse segundo. Nesse segundo TEF-ES abri mão de todo o conforto do apoio terrestre móvel, dependia 100% de minha estrutura transportada autonomamente e do que encontrasse pelo caminho. Estava viajando mais carregado levando, além dos equipamentos de voo, barraca e saco de dormir, equipos e utensílios para alimentação e vestuário.
Acordei às 5h40 e umas 6h30 estava com tudo pronto e a barraca já guardada. Ao me dirigir ao acesso para a Pedra do Soares, passando pela porteira da sede, encontrei o dono da fazenda, o super gentil e atencioso sr Tião que estava indo ao curral tirar leite. Ele parou tudo que estava fazendo para me dar atenção e insistiu para que eu tomasse café com ele e sua esposa.

O sr. Tião, mais conhecido na região toda como Tião Paixão, cuida da trilha de acesso à serra e organiza anualmente a romaria de São Sebastião, que ocorre todo dia 20 de janeiro. A Pedra do Soares foi batizada com esse nome por conta do sobrenome dos posseiros que ali chegaram e iniciaram atividades agrícolas e pecuárias na região. Inclusive são parentes da esposa do sr. Tião.
Tomei café preto fresquinho e comi biscoito de polvilho caseiro. Conversamos muito, demos muitas risadas e aprendi um pouco sobre a história da região. Vale lembrar que o contato humano, a troca de informações e o aprendizado sobre cada local por onde passei foi o grande valor desse TEF-ES. Agradeci toda atenção e gentileza e parti pro topo da Pedra do Soares. São 1.600m por trilhas e lajedos de pedra de média/baixa dificuldade. No início segue uma trilha de terra de baixa inclinação e bem limpa e após uns 300m de caminhada se chega nos primeiros lajedos de pedra do caminho.

Como a serra é basicamente toda de pedra, a maior parte da subida é feita por caminho sobre pedra. Boa parte aberta e um pequeno trecho em meio a uma mata e então se chega à parte superior onde se finaliza a subida e chega a uma pequena capelinha que tem no topo.
CAPELINHA DA PEDRA DO SOARES
A serra é afilada de norte pra sul e com uma mata fechada no topo, na porção norte, que é bicuda e sem acesso. As faces possíveis para decolagem são a Leste e a Oeste, com uma opção para decolagem Sudeste.
PEDRA DO SOARES - FACE LESTE
O vento estava alinhado de norte e entrava lateral nas duas faces, o que me levou a ficar muito tempo observando cada face para ver de qual seria possível tentar uma decolagem.
Vale destacar que as áreas de decolagem são lajes de pedra lisa. A face oeste é mais restrita e a face leste oferece mais opções e escape. O vento na região tende a ser nordeste, então acho que o lugar promete e voltarei em breve para explorar melhor.

Esperei bastante na serra. Ia para a face leste, sentia a pressão, observava a dinãmica... ia para a face oeste e fazia a mesma coisa... e nada claro ainda. A única certeza era a de que a condição que estava prevista para virar e ficar péssima e de quadrante sudoeste parecia que iria se confirmar justo já no segundo dia de um projeto tão dependente da meteorologia. Entrou um círrus bem denso, que era bem ralo no dia anterior (observem as fotos do 1o dia) e percebi que as coisas podiam ficar complicadas para avanços por céu.

Por volta das 12h me preparei e decidi de decolaria na face leste. Na 1a tentativa a vela foi totalmente lateral e logo na sequência entrou uma lufada frontal na qual decolei.
ÁREA DE DECOLAGEM - FACE LESTE

Sei bem que com vento lateral as térmicas estão fora da parede e, numa rampa baixa, tentei me segurar no relevo o máximo que deu. Explorei a ponta norte da serra, onde o vento batia, mas a face muito fina não ajudava em nada. Me segurei perto da serra o quanto deu, até que tive que dar um tiro e tentar achar algo. A tem um bom potencial. A face leste tem boa inclinação para as térmicas da cara da rampa, sem contar que se trata de um enorme maciço de pedra numa região bem plana e quente. Mas com o vento lateral e o círrus, não dava para errar o tiro no flat. Errei.

Pousei e a condição dava sinais de que poderia melhorar em mais 1h ou 2h. Eu estava cansado demais, ainda debilitado da desidratação do dia anterior, e não me sentia animado a fazer o contorno da serra e subir novamente para uma nova tentativa. Eu não tinha certeza se o vento iria melhorar ou piorar e como seria tentar outro tiro no flat com o círrus tão denso.
Foi duro jogar a toalha e decidir encarar os 12km de caminhada até Itamira no horário pico do sol.

Me abasteci de água numa casa próxima de onde pousei e segui para 2o objetivo, onde deveria ter chegado no dia anterior. A meta era mínima, ridícula... 12km para uma tarde inteira mais um pouco da noite de janela de caminhada, só que eu estava sofrendo de não alimentação mínima a mais de 30h. Foi um dia muito sofrido. Eu ando a 6km/h com carga e estava andando a 4,5km/h e parando a cada 1km - 1,5km. Cheguei a cochilar num dos pontos de descanso sentado à sobra de uma pequena árvore à beira da estrada. Foi muito estranho.
Confesso que senti raiva. Eu treino, eu tenho preparo, sou bruto demais para qualquer coisa e agora estava ali parecendo um animal debilitado e acuado. Essa raiva me sustentou e me ajudou a concluir a missão do dia, apesar de gastar o dobro do tempo normal. Num certo vilarejo com algumas poucas casas dei a sorte de encontrar uma com uma ducha na área externa que estava sem ninguém. Pude descansar, me refrescar e renovar as energias.

O momento em que avistei Itamira foi quase que como receber uma dose de anestésico na veia. O corpo parou de doer, as pernas revigoraram, os pés se  firmaram e o passo ficou determinado novamente. Me reanimei e cheguei à cidade já com o plano de buscar ao máximo formas de me recuperar totalmente. Itamira era o ponto no projeto com a segunda área de decolagem, então tudo que eu precisava era de um bom descanso e uma boa condição meteorológica no dia seguinte.

Bom, mas chegando ao tão sofrido objetivo fui me deparando com mais uma bela sequência de imprevistos. Itamira não tinha nenhum local para alimentação aberto e nenhum dormitório ou pensão disponível. Eu havia acabado de chegar a lugar nenhum.
Eu já havia decidido que precisava me alimentar bem e tratar os pés, que começavam a demonstrar os primeiros sinais de desgaste, para o próximo dia. Ainda que isso envolvesse algum deslocamento, eu precisava organizar a logística de ida e volta para a cidade mais próxima com alguma estrutura. Consegui pegar uma carona para Ponto Belo (18km) e fui recuperar um pouco o desgaste imprevisto dos dois primeiros dias do TEF-ES 2019.

Em Ponto Belo hospedei numa pensão meia boca e acabei tendo que comer lanche (hamburguer). De qualquer forma uma farmácia aberta lá me foi de grande valia e compensou tudo.

Agora era descansar e preparar para o próximo dia.

Dia 3 - 20.03.2019

O dia 2 havia sido um dia de muita superação, bem mais do que eu poderia imaginar, mas uma noite bem dormida ajuda em muitos aspectos. Superação, este é o grande tesouro produzido durante uma aventura como esta.

Apesar de tanto preparo mental e físico, toda aventura que envolve longas caminhadas tem um ponto crítico que pode vitimar dos amadores aos mais preparados atletas do mundo: os pés.

Eu já sabia dos cuidados a tomar, já sabia os pontos a atentar, tinha levado meias adequadas e remédio para aliviar e acelerar o processo de recuperação diário dos pés. NADA DISSO deu certo e a dura realidade da prática me bateu com força e me deixou já com os pés bem detonados para o início do 3o dia do TEF-ES 2019.

Os estragos estavam feitos e tudo que eu podia fazer agora era tentar fazer bandagens que protegessem ao máximo os pontos fracos e os já afetados em ambos os pés. Eu tentava entender qual havia sido o erro. Meias específicas, tênis adequado para trekking técnico e longos, cuidados para a transpiração dos pés... mas de alguma forma tive problemas de transpiração e atrito na parte frontal dos pés.


A pensão na qual dormi era horrível, mofada, péssimo atendimento (sem atendimento)... mas melhor que uma barraca num pasto qualquer. Acordei cedo, tomei um café basicão e fui a um banco automático para recarregar dinheiro em espécie, pois percebi que poderia ser mais necessário do que eu estava imaginando. Depois fui para o ponto de ônibus e peguei um ônibus de volta a Itamira.

DISPOSIÇÃO - O INGREDIENTE BÁSICO PARA QUALQUER DESAFIO
VISTA PARCIAL DE ITAMIRA
O céu amanheceu bem nublado e isto me desacelerou pois já sabia que os dia tinha apenas duas opções: caminhar o dia todo até o próximo objetivo (que inicialmente seria Ecoporanga); ou descansar, para não encarar um dia inteiro de caminhada com os pés já detonados. Quando cheguei a Itamira, uns 30min de ônibus, o céu teve uma leve abertura e acabei me animando. Iniciei o spot, zerei o posicionamento para o rastreamento do dia, preparei tudo na cidade e parti para a serra.

Cheguei ao primeiro degrau de laje, com uma elevação próxima de 100m e o céu nublou novamente. A condição ficou tão incerta que não compensava fazer a subida ao topo da montanha, que me daria mais uns 200m de desnível. O vento começou a voltar para o quadrante S/SW e já não havia nenhuma condição de voo. Era desolador, fiz uma investida na fé de conseguir voar para poupar os pés na evolução para o próximo ponto e acabou não sendo produtivo.
No início algumas pequenas formações conseguiram se formar, mas o vento foi virando e o círrus foi predominando e abafando tudo. O vento foi perdendo intensidade e tudo ficou bem parado e indefinido. A avaliação inicial, por volta das 10h, era ainda alentadora, mas não durou nada e tudo foi perdendo força.  Avaliei as duas faces, pois é possível decolar tanto para leste (sentido cidade) quanto para oeste. Mas tudo estava ficando muito quieto e sem energia.


Acabei decolando na face oeste mas só para evitar a caminhada montanha abaixo, o que detonaria ainda mais meus pés. Foi um preguinho que não pagou nem a dobrada da vela e eu já havia decidido que tiraria então um primeiro dia de descanso para auxiliar na recuperação de meus pés para os próximos dias dessa aventura. A previsão meteorológica foi se confirmando e apontando para uma condição horrível nos próximos 3 dias, indo de overcast (céu totalmente nublado) a chuva. 
Nessas horas é preciso ainda mais um bom preparo mental. Não se pode ser muito pessimista e nem otimista demais. É preciso fazer um balanço e tomar decisões visando a evolução do projeto e também a segurança. De acordo com a previsão, o risco de ficar na cidade aguardando uma melhora e não dar em nada era alto demais. Eu tinha que decidir se valia a pena esperar boa condição em Itamira ou se andava durante os dias ruins pegando a boa condição onde estivesse.

Voltei caminhando para a cidade e dessa vez consegui almoçar numa casa que vende refeiçoes para algumas empresas. Fiz algumas amizades, gastei um bom tempo numa lan house, comprei alguns medicamentos para tomar e para tratar os pés, lanchei e arrumei uma casa para passar a noite.

Ao final do dia o tempo fechou bastante na região toda e no meio da noite caiu uma chuva forte por mais de 3h. De qualquer forma eu tive uma ótima noite de sono.

Dia 4 - 21.03.2019

Dormi muito bem, descansei bastante e acordei cedo para iniciar o 4o dia do TEF-ES 2019. Mais uma vez pude viver a experiência da solidariedade das pessoas e confirmar uma coisa que infelizmente é a mais pura verdade na sociedade: aqueles que menos têm são os que mais se dispõem a dar.

Apesar de dormir bem, o quarto dia me encontrou com a moral muito baixa. No TEF-ES 2015, passando por outra rota, eu havia chegado a Ecoporanga, cobrindo 100km, no segundo dia. Agora ainda estava no 55km, começando o quarto dia. Era muito atraso para administrar mentalmente. Sai da casa do novo amigo, passei numa lanchonete, comi muito bem e ganhei um belo casal de novos amigos. Sai sem pressa, o dia estava bem nublado e a temperatura bem agradável para o trekking.


Seria um dia inteiro de caminhada até o vilarejo de Joassuba. Com aproximadamente 2h de caminhada cheguei a uma vila com uma casa de família e ao recarregar a água acabei sendo convidado para almoçar. Tive o prazer não só de comer uma galinha caipira, mas de conhecer um casal já de boa idade mas com uma alegria e energia de vida que realmente nos enriquece de motivação e de reconexão com os bons e reais valores da existência.

Sra Almerinda e Sr Nicanor, muito obrigado pelo alimento, mas muito mais pela recarga de energia espiritual que eu estava precisando. São estas as maiores conquistas de um projeto como esse. São prêmios únicos e exclusivos.

O objetivo para o dia, inicialmente, era Ecoporanga, mas a condição climática indicava que não compensava deslocar para um ponto de decolagem e sim para onde eu pudesse cobrir mais a rota por terra mesmo. Então, atualizando a rota, segui para Itapeba, onde parei para um novo lanche, e lá fiz a opção por seguir para Joassuba, de onde seguiria para Vila Pavão ou Barra de São Francisco. Não era uma questão de atalho, é que a meteorologia em toda a região estava péssima e o ideal era apostar nas melhores rotas terrestres, sem falsas expectativas de voo.
Era uma experiência completamente nova essa expedição são apoio terrestre e o preço estava sendo cobrado a todo momento. Eu não previ tamanha falta de recursos na região, e nem que eu passaria tanto tempo sem qualquer ponto onde pudesse recarregar água ou me alimentar durante as caminhadas. Foi tenso, foi duro, mas também estava sendo enriquecedor.

Mais uma vez foi um dia longo de caminhada e o sofrimento foi bruto com os pés. Cheguei a Joassuba já à noite e sob uma leve chuva. Parei numa sorveteria para tomar água gelada e consumir um pouco de energia na forma de açai e coca-cola. Nessa sorveteria novamente fui agraciado pela solidariedade das pessoas e consegui uma casa para passar a noite, Joassuba também não tem nenhum pensão, nem hospedaria e muito menos hotel. Fiz mais um deslocamento, dessa vez do vilarejo de Joassuba até a propriedade da família que iria me abrigar para a noite.

Os pés eram um ponto crítico de atenção e estavam começando a ficar mais sério do que imaginado.

Na casa que passei a noite pude dar uma bela higienizada nos machucados, passar medicamentos e deixar os pés ventilados durante a noite sem riscos de alguma infecção.

Se você acha que estava feio de olhar, imagine a dor de portar esses belos pés detonados.

Ao final desse quarto dia já estava muito claro para mim que eu teria que desenvolver uma forma de não parar de andar e ainda assim conseguir uma abordagem regenerativa nos ciclos dia e noite. Era isso ou eu não conseguiria terminar o projeto de jeito nenhum. Não há alternativas para lesões nas pernas ou nós pés em projetos como esse.

Isso sempre tem que estar claro na cabeça do atleta aventureiro, cuidar de seus principais meios de locomoção.

Dia 5 - 22.03.2019

Acordei bem demais, um garotinho muito gentil que me cedeu seu quarto, e o café da manhã foi muito agradável com uma família simples e pacata do vilarejo de Joassuba. O pessoal planta café e produz cachaça numa propriedade familiar.

Meus pés estavam com um visual horrível, mas a boa noite de descanso, o tratamento localizado e a higienização deram uma amenizada. Não sabia como seria durante a caminhada, mas o jeito era preparar as bandagens de forma a minimizar os estragos e também preparar o espírito para o desgaste natural que viria. A mente cumpre um papel determinante em situações como essas, nos levando além do que o físico normalmente conseguiria ir. 


Após o café da manhã e a proteção dos pés fiz o deslocamento de volta para o vilarejo, preparei o que tinha que preparar e peguei o caminho para Vila Pavão. Seria mais um dia longo, mas novamente sob um céu bem coberto e temperatura amena.





Curtam ai algumas fotos desse dia sofrido e que me levou ao meu limite físico pela primeira vez na vida. O pior é que não fui levado ao limite do condicionamento físico e sim ao limite da administração da dor e do sofrimento.




Depois de mais de 7 horas de caminhada, não havia mais prazer nenhum em nenhuma etapa deste dia. Tudo era dor nos pés, tudo era foco da mente para administrar as dores e ainda controlar o movimento para evitar levar lesão para alguma outra parte das pernas, principalmente tornozelos ou joelhos. Isso é um problema sério quando se machuca os pés e se começa a mancar, ainda mais carregando peso extra. Tinha que administrar a dor e ainda ter esse cuidado extra.
Iniciando a oitava hora de caminhada optei por parar e trocar as bandagens dos pés para tentar ainda completar o meu objetivo do dia e chegar a Vila Pavão. Os pés doiam muito e latejavam... já estava pensando em parar e montar o acampamento ou fazer outro deslocamento. Acabei descansando uns 30min e prosseguindo de forma muito lenta.












Depois de mais 2 horas de caminhada muito lento, abaixo da velocidade mínima que eu havia estabelecido como produtiva, eu não aguentava mais e não fazia mais sentido nenhum continuar detonando os pés. O dia estava péssimo e a previsão climática ainda apontava mais dias ruins pela frente. Era parar e acampar ou fazer o deslocamento. Parei, pensei e decidi que para descansar e cuidar dos pés era necessário muito mais que um acampamento. Precisava de um descanso com mais recursos e também sabia que não aguentaria caminhar mais um dia inteiro.

A decisão era parar agora, fazer o deslocamento para Vila Pavão e fazer um dia inteiro de descanso sem qualquer caminhada. Seguindo a previsão climática eu decidiria quando completar a perna do ponto de origem do deslocamento para a real chegada a Vila Pavão e então fazer a próxima perna em voo.

Consegui uma carona até um vilarejo próximo a Vila Pavão e lá peguei um ônibus para a cidade. Consegui um bom hotel e agora o foco era descanso e recuperação dos pés.

Dia 6 - 23.03.2019


Dia totalmente off para recuperação dos pés e também aguardar a condição climática demonstrar alguma melhora na rota.

Dia 7 - 24.03.2019

Eu estava em Vila Pavão, mas na verdade não estava. Todo deslocamento deve ser encerrado no seu ponto de início, então eu na verdade, dentro do projeto, estava a aproximadamente 13km de Vila Pavão. Após um dia inteiro de descanso, duas boas noites de sono e com alimentação regular eu me sentia bem e decidi pegar a parte da tarde desse sétimo dia para fazer a perna final que faltava até Vila Pavão. Isso se casava também com a previsão climática, que apontava para o próximo dia como muito bom para o voo de distância.

Preparei as bandagens dos pés com muito cuidado para que os pés não regredissem da recuperação conquistada no dia off. Eu estava agora evitando medicação que amenizasse a dor pois o efeito colateral disso seria conseguir detonar mais os pés durante as caminhadas e depois pagar o preço de danos reais cada vez mais graves. Então, era suportar e cuidar dos pés.
Peguei um taxi na cidade e voltei ao ponto de origem do deslocamento para reiniciar o projeto. O dia estava com temperatura amena, ainda bem nublado, e programei a parte da tarde para a tarefa.



Consegui evoluir bem e num ritmo mais confortável para não detonar os pés e tinha uma janela muito ampla para concluir o trajeto. O foco era simplesmente chegar à cidade, sem pressa, sem pressão. Mais uma vez um belo jogo mental sendo jogado para controlar a atividade.
Num determinado ponto do caminho avistei um morrote bastante interessante e que parecia interessante ser analisado. Ele estava com a face perfeita para o vento e haviam alguns urubus no lift e outros até enroscando acima dele. Nesse momento a temperatura era alta e haviam algumas formações a baixa altura. Ventava bem e valia muito a pena subir para experimentar... podia não dar em nada, mas podia me poupar alguns km de caminhada. Arriscar muitas vezes é o grande segredo por trás de grandes feitos.
Subi o morrote, em alguns pontos até tive que subir umas paredes verticais para evitar contornar demais o local. Mas o calor intenso foi se explicando rapidamente com o rápido fechamento do céu e no final da subida começou a chover. Tive que encapar a mochila e me abrigar onde deu. A chuva passou rápido e infelizmente o vento deu uma enfraquecida. De qualquer forma, agora era preparar e, no mínimo, descer voando para seguir para Vila Pavão.



Bom, fiz o segundo preguinho de todo o projeto... mas assim como o primeiro, não ajudou em nada na evolução do percurso. O jeito foi refazer a mochila, botar nas costas e seguir para o destino.

VILA PAVÃO NO VISUAL
Dia 8 - 25.03.2019

Oitavo dia.. 7 dias já concluídos e eu havia evoluído apenas pouco mais de 130km nessa edição do TEF-ES. Quando olhamos pela tela de um computador ou celular toda essa história, parece muito pouco, quando estamos lá vivendo cada segundo envolvido no projeto sabemos que cada metro custa muito e deve ser respeitado. Eu me sentia péssimo, pois no primeiro TEF-ES eu tinha avançado 100km em dois dias de caminhada, mas era preciso jogar o jogo mental com sabedoria para seguir em frente.

O oitavo dia começou com uma expectativa muito positiva, ainda mais que o dia estava lindo como esperado pela previsão climática. Era certeza que teria condições ideais de voo, mas o vento soprava mais de leste do que o necessário para uma boa evolução na rota. De qualquer forma, eu sabia que iria voar e que o dia seria bom. Só não sabia ainda o quanto produtivo esse dia bom seria em relação à evolução para o próximo ponto da rota, a rampa do vilarejo de Vargem Alegre, em Barra do São Francisco. Então, tomei um bom café da manhã, preparei os equipamentos, me despedi do pessoal do hotel e parti para mais um dia preparado para o que quer que ele me oferecesse.

Melhor do que palavras, acompanhem esse dia de aventura pelas imagens abaixo, acho que elas dão uma amostra melhor e mais animada de como foi esse oitavo dia.
INDO PARA A MONTANHA
MONTANHA DE VILA PAVÃO - DE ONDE DECOLEI
O acesso ao ponto de decolagem só é possível por single tracks e é um caminho de média dificuldade. Achei muito bacana, pois estava já cansado de estradas de chão.


No estágio final da subida tem até uma pequena "via ferrata" para vencer um lance de laje com maior inclinação. Bem legal essa subida.


Alguns poucos pilotos na região eventualmente decolam dessa montanha, mas decolam de um pasto um pouco à frente de onde optei por decolar. Eles usam uma área uns 300m mais à frente mas uns 30m mais baixo e com uma saída mais duvidosa devido ao pasto e vegetação. O local é mais fácil, mas essa laje de onde optei por decolar, apesar de mais técnica, estava bem segura com o ventinho do momento.
Nessa foto do início da decolagem, observem como o céu estava promissor. Como não decolar confiante, concentrado e cheio de energia positiva para aplicar ao máximo as técnicas de XC para minimizar as chances de caminhar nesse dia?! Era decolar e botar para cima.

DECOLAGEM ÓTIMA COM VENTO, SEM PERDÃO PARA VENTO FRACO
Como se pode ver nessa foto, a deriva estava para trás da rampa e eu deveria voar para a direita da rampa. Não estava fácil. Demorei a conseguir ganhar, mas fui rastreando e explorando até conseguir sair numa boa. Depois foi hora de começar a negociar com as derivas para evitar perder terreno e ficar no meio do caminho.



Fiquei baixo nesse momento mas, lendo o relevo e o vento, sabia que não dava para pousar. O lance é que tive que lamber algumas pedras e subir nuns pequenos rotores, mas tudo me parecia valer a pena para evitar qualquer caminhada nesse dia.


Mais uma vez fiquei baixo no voo e, como estávamos saindo de 4 dias de condição ruim, sabia que não podia perder tempo pois o dia térmico tinha tudo para acabar cedo. Eu já estava achando que seria possível ter que caminhar ao me ver baixo e num buraco azul quando, mais uma vez, acreditar na técnica e arriscar com o conhecimento acabou fazendo toda a diferença. Eu só precisava vencer aquela pequena cordilheira à frente para já pousar no vilarejo alvo, Vargem Alegre.

É, mas a paciência e a maximização me levaram a uma boa altitude e fui usando as melhores linhas possíveis para garantir que pousaria direto na rampa de onde partiria no dia seguinte. Na foto abaixo você percebe uma pequena cachoeira à esquerda da sobra na montanha à frente. A decolagem de Vargem Alegre fica naquele topo verdinho e limpo à esquerda da cachoeira.

Fazendo a tirada final para a rampa de Vargem Alegre, avaliei bem a condição à frente para ver se compensava tentar já pular para o próximo objetivo da expedição, Pancas. No TEF-ES anterior eu havia completado a perna Vargem Alegre para Pancas em voo e me sentia confiante para seguir a rota. Mas infelizmente as chances de ficar no meio do caminho me pareciam maiores devido à janela térmica esperada para o dia. Resolvi não arriscar e ter que acampar em algum lugar no meio do caminho e ainda fazer uma longa caminhada até Pancas.

Na foto abaixo vocês podem observar pelo meu pouso e pela biruta (na arvorezinha à frente, à esquerda) que o vento ainda estava fora do que eu precisava para uma boa evolução na rota (o vento estava E/SE e eu precisava de vento NE). Fiz a rota de Vila Pavão até o objetivo totalmente no vento través. Apesar de toda a minha alegria, já me preocupava se conseguiria decolar no dia seguinte, pois a rampa fica (olhando essa foto) nas minhas costas e opera tradicionalmente com ventos de N a E.

A imagem abaixo não é boa o bastante para externar o meu sentimento de conquista. Eu estava devastado por ter meus pés detonados precocemente, eu estava devastado por ter gasto 8 dias para chegar a um lugar onde cheguei no quinto dia do primeiro TEF-ES. Mas, a alegria da conquista em um dia após tantos imprevistos é algo inexplicável em palavras. Eu precisava e merecia esse belo dia de voo.

Para melhorar esse dia e essa conquista, ao encontrar o dono da fazenda atrás da rampa, o Marcelo, fiquei sabendo que a casa de peão que tem em frente ao acesso à rampa estava novamente ocupada e que eu poderia conseguir algum apoio lá. O peão também se chama Marcelo e ele e sua esposa (Nega) me receberam muito bem e também me deram abrigo para a noite. Pude lanchar e jantar com eles, tomar um belo banho e dormir um sono muito revigorante. A ideia inicial, sem saber desse apoio lá tão próximo, era decolar e pousar no vilarejo abaixo e no dia seguinte subir a pé para a rampa.

Dia 9 - 26.03.2019

Uhuuu, será que as coisas iam começar a se encaixar? Será que o dia de ontem havia sido só o primeiro dia do restante dessa emocionante aventura? Bem, a previsão climática não apontava para isso. Parece que esse dia teria uma parte dele com vento no quadrante leste e depois o vento voltaria para o quadrante sul com um tempo ruim se aproximando da região novamente.
Bom, acordei, tomei um belo café da manhã com o Marcelo e a Nega, agradeci demais a solidariedade de ambos e parti para a rampa. A condição estava se consolidando muito cedo. Desde as 9h já era possível decolar e botar na base, mas sei bem que esse primeiro ciclo não dura muito em nossa região. Então, era segurar os cavalos e aguardar o início de um ciclo mais duradouro.

Por mais que eu quisesse me segurar na rampa, eu estava jogando com duas variáveis: sair num ciclo bonito e curto cedo demais ou esperar mais e o vento virar na rampa - que era o esperado para alguma hora do início da tarde pela previsão.



O voo de Vargem Alegre para Pancas é curto, com menos de 50km, e eu precisaria de não mais do que 3 horas de voo para cobrir essa distância voando de forma muito conservadora. Então, o que sempre faço é pegar o tempo de voo previsto (pessimista) e jogar dentro da melhor e menos incerta janela de voo no dia. Eu podia sair por volta das 13h, quando o traiçoeiro ciclo matinal já foi virado, e ainda poderia voar até as 16h sem grandes problemas. Mas havia a pressão da possibilidade do vento poder virar a qualquer momento e eu estaria ferrado de vez, podendo nem decolar... e o céu tão bonito me chamando. Eu digo que é o "Canto da Sereia", te chama para decolar cedo e te deixa a 10km da rampa no apagão da virada. Bom, eu tinha que segurar a decolagem ao máximo, mas não tanto quanto eu achava o ideal para minimizar as chances de um pouso precoce.



Acabei decolando por volta das 11h, o céu estava lindo e o vento encaixado na rampa já um pouco a leste. Foi uma bela decolagem, uma rápida subida para a base, uma rápida travessia das montanhas atrás da rampa, que obrigam a fazer transições curtas, mas infelizmente fui pego numa situação já previsível adicionada da virada do vento para sudeste. Não havia muito o que fazer. Pousei e já andei tendo uma próxima possível decolagem em mente.


Avistei um belo morrote com acesso não muito complicado (apesar de um capim muito alto na primeira metade da subida). Ele tinha uma face perfeita para decolagem E e até NE. Então, acelerei o passo e subi na esperança de conseguir decolar o mais rápido possível.

Cheguei ao topo do morrote por volta das 14h e infelizmente o vento estava uma bagunça só, ainda mais se tratando de uma área de vales em meio a maciços de pedra. Só consegui decolar por volta das 15h40 e com o tempo já completamente sem energia. Consegui pegar uma termal bem fraquinha, ganhei o morrote e pensei que seria possível começar a rastrear acima dos morrotes e achar um fluxo para o alto. Mas não deu. Entrou um vento sul da parte alta para dentro do vale, entrei num rotor pauleira de um maciço de pedra e por sorte ainda consegui levar o parapente até uma boa área de pouso.





Ainda estava a 30km de Pancas. Seria uma caminhada até aproximadamente meia noite, se meus pés não dessem nenhum BO. Empacotei os equipos, preparei tudo e mandei bala para a estrada. Logo que peguei o asfalto passou um carro por mim e a motorista perguntou se estava tudo bem. Respondi que sim e segui meu caminho. Estava tendo uma etapa do PWC em Baixo Guandu e essa motorista tinha contato com a galera do voo de Pancas e de Baixo Guandu. Ela, sem eu sequer imaginar, acionou uma galera em Pancas, imaginando que eu estivesse no evento. Então nuns 20min um carro me parou na estrada oferecendo apoio, eu fiquei sem saber o que fazer e acabei optando por fazer o deslocamento para Pancas e voltar para o mesmo ponto no dia seguinte, uma vez que com tantas montanhas na região, eu rapidamente poderia subir alguma e avançar em voo até Pancas ou até direto para o próximo ponto, Baixo Guandu. Mas a previsão climática não dava muito alento para nenhuma dessas possibilidades.


Cheguei a Pancas, entrei num hotel, tomei um belo banho e fui descansar. O dia não tinha sido muito pesado e meus pés apresentavam alguns sinais de melhora. Acredite se quiser!!!






Sai para lanchar rapidamente, voltei para o hotel e verifiquei novamente a previsão do tempo. Horrível... até o PWC estava com problemas e teve alguns dias cancelados. Eu fui dormir basicamente à espera de um milagre para o dia seguinte e os próximos.

Dia 10 - 27.03.2019

Acordei cedo, tomei um bom café da manhã, preparei as bandagens dos pés e, antes de sair, confirmei a previsão novamente. Nada bom. Além da previsão ter vento SW, o céu apresentava muita cobertura de cirrus. Seria um bom dia para caminhar, mas nada bom para voar. O vale de onde eu retornaria a caminha desce sentido NE, o que me dava várias opções de decolagem com apenas com a subida de algumas belas montanhas com face para E e NE. Mas o vento vinha de SW... é, o jeito parece que seria caminhar.




Sai do hotel e fui para um posto de gasolina para pegar uma carona de volta para o ponto de deslocamento, no meio da descida para o fundo do vale. Foram mais de 2h de espera. Algo que parecia ser tão trivial já estava virando mais um imprevisto, pois sabemos de nossa dependência da condição climática e dos horários para a melhor probabilidade de bons voos. Confesso que fui ficando preocupado e já ia começando a cogitar pagar uma fortuna de taxi para voltar ao ponto necessário.




Bom, só que ai a solidariedade, dessa vez temperada pela camaradagem, mais uma vez se fez presente nessa aventura. Um grande amigo do passado do voo em Pancas passou por lá para pegar seu carro que estava lavando e, sem pensar duas vezes, me levou até o ponto de origem do deslocamento. Fora a enorme ajuda prática, foi muito bom rever um bom amigo que ainda me encheu de motivação pela sua própria trajetória no esporte de corridas de longa distância. Valeu Cariocaaaaa!!!

Cheguei ao ponto de reinício e comecei o décimo dia do TEF-ES 2019. Tudo estava mais uma vez jogando contra. 10 dias é o prazo que eu sempre planejei gastar para fazer toda a travessia e, dessa vez, eu não estava nem na metade do caminho.

Na foto abaixo vocês podem ver o céu encoberto e o vento SW vento vinha canalizado de W para descer o vale. Mesmo se eu estivesse já em Pancas e pudesse subir a rampa para voar, provavelmente não conseguiria decolar e, se decolasse, não teria muita expectativa de evolução, ainda mais por ser uma região muito montanhosa onde você só evolui conseguindo pular de vale em vale ou não sai para lugar nenhum.

Após algumas horas de caminhada, a mente já havia sido vencida. O corpo estava agora sustentando apenas uma estrutura e não mais um projeto. Não fazia sentido evoluir mais sabendo que tudo o que eu faria seria desgastar o corpo sem uma expectativa positiva de bons dias de voo. A previsão climática me dava muitas chances de evoluir somente se fosse caminhando e isso meus pés não iriam suportar mais.
A cada passo, a mente apenas lidava com a questão do fracasso, da missão não cumprida pela segunda vez e pela boba ideia de como lidar com isso publicamente. E o corpo seguia adiante sem mais nenhum sentido de valor.
Mais alguma caminhada e cheguei a um pequeno aglomerado de casas onde havia um bar. Tomei uma coca muito gelada e decidi subir um morro para tentar alguma coisa. Hoje olhe e penso... não fazia sentido nenhum subir aquele morro. Eu decolaria e iria para lugar nenhum. Mesmo assim subi.

Bom, não era o que eu esperava 10 dias atrás, quando dei os primeiros passos do TEF-ES 2019. Eu não entro num projeto para não concluir e muito menos para perder tão feio. Mas, cada ser humano tira de suas vivências a experiência que sua inteligência emocional e maturidade permitem. No início, e confesso que esse início durou alguns dias, me senti derrotado. Demorou um pouco para, além das palavras fortes, meu espírito depurar todo o processo e entender que eu não fui derrotado. Precisei de alguns dias para entender o quão vencedor eu era.
GRAVAÇÃO DO VÍDEO OFICIAL DE DESISTÊNCIA
E assim terminou o meu TEF-ES 2019. A aproximadamente 20km de Pancas. Bem longe da divisa do ES com o RJ, meu objetivo final.


TREKKING AND FLY - TEF ES 2019

Começa amanhã, 18/03/2019, aproximadamente às 5h da manhã:



ESTÁ CONFIRMADO! VAI COMEÇAR!
FIQUEM LIGADOS!

Treinar... treinar... e treinar

Finalizei 2017 com fortes treinos de hike nas montanhas da região entre Alfredo Chaves e Vargem Alta e comecei 2018 já com mais treinos, desta vez nas montanhas da região dos pontões capixabas, em Pancas. Após a lesão no cotovelo esquerdo, perdi muito condicionamento e ganhei algum peso e estou me esforçando para recuperar o preparo perdido. Vamos que vamos!!!













ES ideal para o Trekking & Fly
Tenho buscado treinar bastante no ES e vou tentar levar meus limites mais além. Moro num estado que é espetacular para a prática do Trekking and Fly (viajar caminhando e voando), para o Hike and Fly (subir para pontos de decolagem andando e voar local ou XC) e também para o Bivouac (decolar de uma montanha, voar e pousar noutra montanha, passar a noite acampado e no outro dia voar novamente daquele ponto de pouso e assim sucessivamente).





É claro que a prática de decolagens de montanhas não experimentadas previamente para o voo livre envolve certos riscos e exige uma grande experiência tanto na pilotagem de sua vela como também na análise meteorológica e uma boa capacidade de análise do comportamento mecânico do vento na rampa, na área de voo e nas possíveis áreas de pouso. Fica aqui o alerta: NÃO SE ARRISQUE SEM OS CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS.




Praticar um esporte de montanha com o visual do litoral logo ali é uma coisa surreal... inexplicável a sensação. Só posso agradecer e, como tenho essa possibilidade, explorar o máximo possível. Quero experimentar algumas coisas novas e expandir os horizontes para o esporte. Espero poder dar mais algumas contribuições para que outros pilotos e até mesmo o esporte se diversifique e também atraia mais praticantes em virtude das abordagens possíveis.




Trekking & Fly ES 2016

Infelizmente não rolou a edição 2016. Optei por outras prioridades e fui treinar na europa, XC na cordilheira central em Piedrahita e Hike & Fly em Castejon de Sos, nos imponentes Pirineus. Muita coisa despertou, muitas opções passaram a ser possíveis em minha cabeça e estou processando o que posso colocar em prática. Vamos que vamos!
Trekking & Fly ES 2016


A paixão se instaurou em minhas veias e o Trekking & Fly hoje é, juntamente com o XC, minha mais plena forma de manifestação do voo livre e suas possibilidades. Buscar os limites? Superar os limites! 2016 vem ai e juntamente com ele vem mais uma expedição Trekking & Fly ES. Em breve terei as datas para divulgação de detalhes e algumas novidades.


Portal SPOT Adventure

A aventura Trekking & Fly ES 2015 está compartilhada com todo rastreamento e fotos pelo roteiro no portal SPOT Adventure. Acompanhem:

www.findmespot.com/spotadventures/index.php/view_adventure?tripid=336427


Entrevista a ABP

[ABP] COMO, QUANDO E POR QUÊ SURGIU A IDEIA?
[CB] Sempre fui um atleta multidisciplinar. Pedalava, nadava, fazia atletistmo, jogava futebol, andava de skate e praticava artes marciais... tudo ao mesmo tempo. Pobres pais... sofreram muito para me domar e o segredo era me colocar para gastar energia. Ano passado, em viagem ao Chile, escalei o vulcão Villarica em Pucon e pronto, click, o botão foi ativado. Ao final de outubro de 2014 a idéia já estava plantada e os planos começaram. O objetivo era fazer algo inédito e de proporções respeitáveis. Algo que abrisse também o leque para a prática do parapente. A inspiração maior foi o X-Alps, sem dúvida.


[ABP] COMO FOI O PLANEJAMENTO?
[CB] Tudo foi respaldado pela dimensão que eu queria para o desafio. Eu precisava de uma rota de respeito e que ao mesmo tempo se delimitasse como um todo: Nada melhor do que atravessar um estado inteiro. No ES eu tinha tudo que eu precisava. A rota desceria de Norte para Sul, passando por rampas oficiais, e os ventos tradicionalmente tocam de NE para SE na região. Era o bastante para lidar com a meteorologia e o trajeto em voo ou em solo.
A rota trazia dois grandes desafios:
1o - Começava com 100km de trekking até a primeira rampa;
2o - Da penúltima rampa para a última o trekking também seria obrigatório;
ESPETÁCULO!!!! A rota, então, era perfeita. Não adiantaria ser especialista no voo XC. O preparo físico seria parte obrigatória do início ao fim. Essa era a essência do projeto.


[ABP] COMO FOI O PREPARO FÍSICO E PSICOLÓGICO?
[CB] Com o tempo livre que tenho, pratico sempre algum esporte, hoje mais forte o ciclismo MTB. Mas remo, faço longboard, corro, pedalo, nado... estou sempre em movimento. Um problema era o ganho de peso que tive desde o início do ano passado após uma lesão no tendão patelar esquerdo. Precisava acelerar a perda de peso. Então, a partir de novembro do ano passado intensifiquei os treinos com foco em mais resistência e também ajustei a alimentação para emagrecer mais rápido. Minha parte psicológica é como uma rocha para este tipo de cenário. Sou péssimo na paciência e contemporização, mas pular para cima de qualquer desafio e ir além dos limites... sai da frente que meu trator está passando. Neste tipo de desafio o quesito determinante é a sua capacidade de ir além... pode acreditar... todos os dias você se verá frente a frente com a tentação de parar no meio do caminho. A alternativa de seguir, apesar de todo o cansaço, do horário e das dores no corpo sempre parecerá dura demais.




[ABP] QUAL FOI A MAIOR DIFICULDADE DURANTE O DESAFIO?
[CB] Por incrível que pareça, graças a Deus e a um bom planejamento, não houve qualquer situação crítica ou incidentes. Os pontos de atenção foram: o preparo físico; a habilidade na decolagem em rampas restritas; hidratação constante; relacionamento e comunicação com o resgate; equipamentos e vestuário adequados; veículo 100% operante e verba suficiente com sobra.
O único perrengue, se é que posso chamar disto, foi na subida à rampa de Pancas. Recebi uma dica "quente" para economizar uns 8km dos 18km do acesso oficial. A dica "quente" virou uma roubada e finalizei com uma mega "recaminhada" e um total de 20km para chegar à rampa.
Um grande desafio físico e psicológico foi encerrar o 8o dia com uma caminhada de 40km, chegar ao hotel de Baixo Guandu umas 23h, jantar, preparar e publicar material de divulgação, dormir depois da meia noite, acordar às 6h e às 7h inicar 25km de caminhada até a rampa do Monjolo. Os últimos 2km foram os mais duros e desgastantes... foi muito muito muito sofrido dar cada passo.


[ABP] PENSOU EM DESISTIR EM ALGUM MOMENTO?
[CB] NÃO! Infelizmente o projeto foi abortado apenas por questões de prazo.

[ABP] VOAR OU CAMINHAR? COMO ERA DECIDIDO?
[CB] Neste projeto a questão era simples, afinal tudo foi definido desde a concepção do projeto. Eu só voaria em rampas oficiais. Não iria subir num morro qualquer e tentar salvar kms de caminhada. Não era um bivouac... era um Trekking & Fly.
Eu caminharia os primeiros 100km até a primeira rampa e depois caminharia sempre que necessário após cada pouso para chegar na próxima cidade destino de cada dia.

[ABP] O QUE VOCÊ APRENDEU COM ESSA AVENTURA?
[CB] Que o parapente ainda é muito pouco explorado em suas possibilidades aqui no Brasil. Que o ES é um estado com uma beleza natural inimaginável em relação ao relevo com formações rochosas espetaculares e únicas. Que o limite só é conhecido por quem desiste. Que eu descobri uma nova paixão!!!

[ABP] QUAL O SEU PRÓXIMO DESAFIO?
[CB] 2 no forno. Ainda segredo!!!

[ABP] QUAIS CONSELHOS VOCÊ TEM PARA QUE PRETENDE FAZER ALGO PARECIDO COM O TREKKING & FLY?
[CB] Pesquise e entenda o que é. Prepare-se adequadamente física e psicologicamente. Tenha um bom orçamento. Tenha equipamentos adequados. Planeje bem a rota e a abordagem de cada trajeto. Tenha um bom motorista de apoio. Valorize os detalhes ao extremo.


Dicas para o T&F - Parte 1

Olá amigos, vou falar um pouco, por etapas, dos preparativos para se encarar em segurança e com diversão um bom trekking & fly.

1o - Entendimento do que é um Trekking & Fly

A 1a coisa a se fazer, antes de encarar um T&F, é saber do que se trata. A essência do T&F, que me foi instigado pelo X-Alps, é a cobertura de grandes distâncias com o uso exclusivo do preparo físico, em caminhadas, e do voo livre, no parapente. Então, se você pensa em um dia fazer uma grande viagem no estilo T&F, lembre-se que, em essência, se começa andando até o primeiro ponto de decolagem (oficial ou não), se voa em direção ao objetivo, e completa-se o objetivo voando e/ou andando. 
Eu estou fazendo questão de separar o T&F do Hike and Fly pelo fato de o Hike and Fly não envolver obrigatoriamente uma viagem entre o ponto A e o ponto B em si. Um exemplo de Hike and Fly: Sair de casa, no centro de Valadares, andando com todo o equipamento e suprimentos nas costas, subir a Ibituruna e voar. Pronto! Você pode pousar onde quiser e voltar para casa de carro, a pé, de ônibus... você praticou o Hike and Fly.
Um exemplo de Trekking & Fly (T&F): Sair de casa, no centro de Valadares, andando com todo o equipamento e suprimentos nas costas, com o objetivo de ir até Ipatinga, subir a Ibituruna, decolar e voar para Ipatinga e concluir a viagem em voo e/ou andando após o pouso e no outro dia caminhar para a rampa de Santana do Paraíso, decolar rumo a Valadares e concluir a viagem em voo e/ou andando.
Basicamente, descrevo o Hike and Fly como: Andar para voar e o T&F como: Andar, voar e  andar.

2o - Os equipamentos necessários

A lista de equipamentos se divide em: Para Voar e Para Caminhar. Vamos falar de ambos separadamente.


Para Voar:
Para voar os equipamentos são os minimalistas e de baixo peso. Normalmente uma selete reversível, que ao mesmo tempo é selete e bag, uma vela Xtra Light ou de menor peso (como a que uso), um reserva também Xtra Light, capacete padrão e eletrônicos minimalistas (vário e miniGps). Recomendo que toda a bagagem de costas não pese mais do que 10kg. Considero um limite para uma boa performance e baixo desgaste nas caminhadas.
*Equipamentos com pesos muito inferiores, entre 5kg e 6kg, apesar de excelentes para caminhadas, significam sacrifícios de conforto e segurança em voo e durabilidade dos equipamentos.

Para Caminhar:
Para caminhar os equipamentos e vestuários são os básicos da prática do trekking. Prefira calças a bermudas e tanto as calças quanto as camisas devem ser de materiais técnicos e leves. Meias devem ser técnicas para caminhada ou corrida e sugiro fortemente que se use dois tipos de tênis, um para caminhadas mais em plano e terreno mais regular (visando conforto) e um para trechos acidentados, subidas e descidas e trilhas mais fechadas (visando performance). Não recomendo botas!!!
Camelbag é imprescindível, se o trekking for mais autônomo. Não abra mão dos bastões de caminhada... nem perca tempo experimentando cobrir grandes distâncias sem eles. Sugiro o uso de manguitos quando usando camisetas de manga curta. Bonés são um acessório obrigatório e devem ser preferencialmente de material sintético, leve e ventilado. Óculos de sol também são de uso obrigatório para quem vai andar o dia todo tanto por conta do sol quanto por conta de poeira e detritos ou insetos que podem prejudicar os olhos. Bandana é super adequada no dia a dia de um trekking. Elementos de sinalização noturna são essenciais num trekking mais sério. Colete reflexivo, luzes sinalizadoras traseiras e lanterna de cabeça devem fazer parte do kit padrão.
Se o T&F for feito de maneira mais autônoma, inclua também em seu kit barraca e/ou saco de dormir e foodbag.

* De acordo com o grau de profissionalismo ou desejo do praticante, o uso de Spot e rádio comunicador se faz muito interessante.

No próximo post, continuamos!!!

Vídeos do Projeto

Curtam alguns vídeos do Trekking & Fly ES 2015:








Obrigado por acompanhar!!!


10o Dia: Encerramento/Abortagem

Boa noite a todos!!!

Então, a previsão climática de chuvas se confirmou, tempo ficou muito ruim na região da reta final do Trekking & Fly ES e não havia mais forma de conclusão em tempo hábil. O projeto foi encerrado hoje tendo sido coberta a distância de 300km em rota, dos 580km previstos.
O problema não seria a chuva em si e sim o atraso que a mesma causaria justo com o prazo principal estourado.
Em breve vou fazer um relato completo de toda a aventura.
Obrigado a todos que acompanharam e torceram!!!

10o Dia: Baixo Guandu a Afonso Cláudio

Bom dia amigos (boa tarde, boa noite... para os fora do Brasil)!!!
Estou escrevendo aqui para informar que, se não conseguir voar para Afonso Cláudio hoje, saindo aqui de Baixo Guandu, vou ter que aceitar a falha do projeto Trekking & Fly ES 2015. A caminhada para a Rampa de Afonso Cláudio é de mais de 100km... consigo andar tranquilamente até a divisa com o Rio de Janeiro, mas minha janela de tempo estava limitada até hoje e com extensão até sexta por margem de erro. Sem o voo hoje, nem a margem de erro de sexta resolveria o problema de tempo.
Tentei fazer o melhor. Cometi alguns erros de decisão, mas acho que foi na tentativa de acertar e seguir a essência do projeto, que era andar até rampas oficiais e voar para novas rampas oficiais, cubrindo todo o trajeto voando ou voando e andando.
O maior imprevisto possível aconteceu em todas as rampas:
Subi para rampa de Ecoporanga e não dava para fazer XC no 1o dia; Subi para a rampa de Vargem Alegre e não dava para fazer XC no 1o dia; Subi para a rampa de Pancas e o vento estava de cauda no 1o dia; Subi para a rampa de Baixo Guandu ontem e o vento também estava de cauda (laterocaudal... kkkk)... ou seja, perdi 4 dias dos 10 previstos parado na mesma cidade já tendo subido a rampa sem poder evoluir para a próxima cidade.
O complicador é que, no dia em que vou voar, a parte da manhã eu perco andando para a rampa ou indo para a rampa já no horário para decolar e tentar sair para o XC. Quando chego à rampa e não dá para fazer XC ou decolar, eu já perdi a parte da manhã, aproximadamente 5h ativas de caminhada.
Bem, estou tranquilo... insatisfeito, mas tranquilo. Vou para a rampa do Monjolo agora na esperança de poder evoluir o projeto um pouco mais ou até o fim, mas já deixo vocês com esta informação prévia.
Mais uma vez obrigado pela força e por acompanharem esta aventura inédita!!!

9o Dia: Subida à Rampa do Monjolo

Tive uma janela extremamente curta de descanso de 2a para esta 3a... apenas 7h após caminhar 40km
já estava novamente com os pés na estrada. Tinha que terminar de chegar a Baixo Guandu (1km), atravessar a cidade e pegar a estrada até o acesso e subir a rampa do Monjolo: 25km.
Meus amigos... como hoje foi sofrido. Temperatura alta e humidade também elevada, sinais clássicos de entrada de pré-frontal. Bom sinal para o voo, péssimo sinal para a caminhada, que seria muito mais desgastante.
Foi um dia muito sofrido... muito sofrido. Os últimos 4km de ascensão à rampa do Monjolo foram um drama. Foi um passo após o outro... uma luta contra vários incomodos: calor, poeira, desgaste, pés, costas, suor...
Incrível como o foco numa missão nos faz superar as adversidades. Em vários momentos me vi relembrando passagens de meu amigo Rodrigo Raineri em suas expedição ao Everest. Cada situação simplesmente ficava minúscula, meus problemas tomavam proporções inexpressivas e eu me via simplesmente com o caminho desobstruído. Valeu Rodrigo, hoje você subiu o Monjolo comigo em pensamento.
Eu tinha a expectativa de chegar à rampa até as 12h, mas não foi possível. Acabei chegando após as 13h e a janela de voo se tornara curta para cobrir os 67km entre Monjolo e a rampa da Fazenda Guandu em Afonso Cláudio. Para complicar mais um pouco o vento estava na tradicional situação de entrar caudal no início da tarde com alguns ciclos entrando na rampa... o que acabou provocando vários dusts magníficos na rampa.
Acabei matando um pouco de tempo descansando e trocando conversa com meu grande amigo Aquino, anfitrião sempre solícito aqui em BG. Depois de algum tempo acabei decolando e fazendo um voo local. Sai numa boa e já fui ganhando a rampa e as montanhas. Fui até a base e pude já observar a rota que tenho que voar para Afonso Cláudio.
Agora é descansar e subir cedo amanhã para tentar aproveitar ao máximo o que a condição oferecer.

Seguem algumas fotos:






























Continuem acompanhando!!!

8o Dia: Pancas a Baixo Guandu

O dia mais esperado do projeto para mim era o de decolar de Pancas e voar para Baixo Guandu. O visual é muito bacana na rota e o grande tempero seria a travessia do rio doce na chegada a BG.
Infelizmente foi um dia de decepção... decolei 3 vezes. A condição na rampa estava show... subindo tudo e forte... base. Mas, ao tirar na rota, condição espaçada e bem fraca mesmo em pontos muito certeiros... não entendi nada.
Bom, quando o limite do horário chegou, o jeito foi juntar o apoio de solo e meter o pé na estrada. Foram 7h30 de caminhada até a entrada de Baixo Guandu, 40km de muito chão e poeira.
Fomos direto para o hotel Barbosa, que já é restaurante e a noite terminou em pizza para armazenar energia para o próximo dia, que teria uma mega caminhada novamente com final na ascenção para a rampa do Monjolo.

Seguem algumas fotos:




    






  














Continuem acompanhando!!!

7o Dia: Subida à Rampa de Pancas

As expectativas parar o dia de hoje eram altíssimas. O dia amanheceu bem limpo, a previsão era de vento nordeste. Ganhei uma dica que encurtaria a subida para rampa em uns 30%... Deu tudo errado!!!
Bom, a dica deu o maior furo e resultou numa perda de 1h de caminhada, justo 1h de ascensão pesada com direito a escalada num cafezal. O trajeto que fiz acabou 1,5km maior do que o tradicional pelo asfalto. Foram 4h45 de subida no total. O pior é que alterei meu horário de início da caminhada pensando em não ficar muito tempo extra de molho na rampa e isto resultou numa chegada mais tarde à rampa.
Com o prejuízo já nas pernas, fui subindo num ritimo mais puxado. A previsão de chegar à rampa às 11h virou 12h. Fui observando se alguém entrava em voo. Ninguém voando... ninguém voando. Quando estou na reta final para a rampa começo a passar pela turma, que havia subido de carro, descendo sem voar. Vento de cauda na rampa... que dureza.
Bem, apesar de Pancas ter uma decolagem sul, esta não é das melhores e nem é muito recomendada, ainda mais pelo pouco uso e conservação. No meu caso, não fazia sentido decolar, uma vez que a rota seria impraticável com o vento que ficou definitivo.
Situação definida, descansei um pouco na rampa e desci com o Joaqson (meu resgate) para almoçar no Degas e descansar a tarde na pousada.
Amanhã subo cedo de carro e espero ter uma condição boa para cobrir a rota até a rampa de Baixo Guandu (Monjolo).

Alguns momentos do dia:















Continuem acompanhando!!!

6o Dia: Vargem Alegre a Pancas

Bem, 2o dia de voo e consegui chegar até a cidade prevista. Infelizmente não deu para pousar na rampa de Pancas, fiquei aos pés da montanha da rampa, mas, de qualquer forma, foi um dia espetacular por conta da rota rara e do visual completamente alucinante.
Pelo aprendizado de ontem e sabendo da época em que estamos do ano, sabia que precisava decolar cedo. Acabei fazendo duas decolagens. Na 1a, umas 10h30, meu acelerador ficou preso por dentro do ventral e decolei com o lado direito uns 40% acelerado. Pousei na rampa, resolvi o problema e esperei um novo ciclo. Nova decolagem pouco antes das 11h. Vargem Alegre é um lugar com saida muito previsível e fácil. Decolei, ganhei e já fui evoluindo na rota.
O visual dos maciços é simplesmente incrível e voar neste tipo de relevo é meio que previsível. Bem mais fácil que voar no flat. Só que o voo não rende muito como no flat.
Apesar de pegar boas térmicas pulando pelos maciços, o que mais me deixou em êxtase neste voo foi a travessia final para entrar na cidade de Pancas. Eu tinha a opção de pousar antes da cidade, numa área plana mais ampla, ou iria passar por um corredor de maciços e pousar em encostas... sim, colei nas pedras, atravessei e pousei numa encosta aos pés da rampa. Foi muito bacana.

Seguem algumas fotos do dia:






















Continuem acompanhando!!!

5o Dia: Subida à rampa de Vargem Alegre

A missão era subir a rampa na parte da manhã e decolar no horário normal para cobrir a rota até Pancas, próximo destino. Infelizmente a condição não ficou muito boa por aqui hoje.
Amanheceu tudo fechado, depois começou a pipocar com uma aparência perfeita... cheguei a gravar um vídeo comemorando que ia ter um mega dia de voo. Só que, quando estava já na parte mais de subida para a rampa, a condição começou a se mostrar realmente instável. A norte e nordeste tudo fechado com formações por baixo e na rota para Pancas, a sul, mega desenvolvimentos verticais. Já dei aquela desanimada básica. Teria uma condição na rampa show para decolar e subir, mas não teria futuro na rota.
Continuei subindo com um bom rítimo os km finais dos 16km de acesso e ao chegar à rampa a condição ainda deu uma piorada... sombreou tudo... o vento continuou bombando bem na rampa, mas a condição foi morrendo... morrendo... confesso que só decolei para não descer de carro.
Bom, as opções que sobraram era tirar o dia para descanso ou seguir andando até Pancas. De qualquer forma perderia um dia. Pensando nos riscos de andar até Pancas e depois perder o dia por lá também, resolvi investir mais um dia aqui para tentar fazer a perna para Pancas voando.
Bem, amanhã, voando e/ou andando, fecho o dia em Pancas para continuar evoluindo na travessia do estado.

Alguns momentos:













Continuem acompanhando!!!

4o Dia: Voo Ecoporanga para Barra S. Francisco

Finalmente, voei de verdade. A condição não estava tão boa quanto no dia anterior, mas foi possível evoluir um pouco na rota. A decolagem foi boa, mas sai afundando tudo até a esquerda da cidade, onde peguei uma boa do chão até 400m acima da rampa.
Céu azul, formações ao longe para nordeste e  norte... mas rota toda azul. Como não era o padrão, era sinal de condição local fraca. Fui cauteloso e busquei parar em tudo que subia, ao contrário do que faço normalmente, quando busco evoluir na rota e só paro por obrigação.
Cheguei a colocar 1.200m sobre a rampa, 2.300asl, mas as transições não rendiam. O vento estava bem favorável à rota, mas fraco. Por conta do relevo e do vento fraco, as transições realmente estavam sofríveis.
Busquei o tempo todo curtir o visual... algo alucinante... completamente diferente do tradicional num voo XC pelo Brasil. As formações rochosas da região são algo que, por si só, valeram cada passo dado após o voo.
Voei pouco mais de 20km e andei mais de 35km até Barra de São Francisco, onde cheguei às 22h, no ponto já de saida para a rampa de Vargem Alegre.
O objetivo era chegar à rampa de Vargem Alegre neste dia, mas o principal era decolar no 5o dia. Assim sendo, optei por conseguir comer e dormir a tempo de ter umas 6h de sono para acordar, andar e chegar à rampa na parte da manhã do dia seguinte.

As imagens do voo falam por si. Curtam:















A caminhada pós voo até Barra do São Francisco foi tranquila, apesar de muito longa para somente a parte da tarde, afinal comecei a andar por volta das 15h. Consegui imprimir uma boa média e sem agravar a condição dos pés ou degradar as costas. No geral foi um dia bem produtivo.

Continuem acompanhando!!!
3o Dia: Subida à rampa de Ecoporanga

O objetivo hoje, primeiro, era acordar e me sentir bem para voar ou caminhar. Acordei super recuperado, que é a melhor prova do bom condicionamento físico, fiz a proteção nos pés, também optando por subir com o tênis com solado mais macio utilizado no 1o dia (Adidas Outdoor AX2) e me reuni com o Joaqson, meu apoio de solo, para fizermos o planejamento do dia e da rota.
A energia estava boa, estava tudo certo, mas o céu amanheceu bem fechado por aqui. Resolvi não subir muito cedo para evitar desgaste de espera na rampa. Subi por volta das 12h e em 40min estava na rampa. O céu abriu bem por volta das 13h e eu estava preparado por volta das 13h30 para sair. Um problema na logística me atrasou um pouco... o apoio não conseguiu chegar com o carro na rampa e terminou de subir a pé levando alguns itens complementares.





Bem, muito tempo esperando (a rampa hoje só decola com vento Leste na cara e o vento estava SE) e por volta das 14h tive uma janela para decolar (a rampa é super restrita: cabe apenas um parapente, o vento não entra rente ao solo e não tem um bom perdão). Puxei a vela, senti uma boa pressão rápido (graças aos meros 4,5kg do Sky Argos) e parti para a borda da rampa.... quando o resgate me desejou um bom voo... mas devido à tensão, achei que ele tinha me alertado para algo... abortei a decolagem. A culpa foi minha, pois esqueci de avisar a ele que, em casos de rampas assim restritas e com alto nível de tensão, não se fala nada, exceto que seja para alertar o piloto para abortar. Pois são centésimos de segundo para se tomar a decisão de se jogar ou abortar.
Fiquei mais um tempo de molho... desci a rampa até o carro e subi o carro até a decolagem... relaxei... e quando retornei para já dobrar a vela, pois estava muito tarde, o vento voltou a entrar alinhado. Acabei aproveitando para experimentar a rampa, mas já eram mais de 15h. Decolei bem e ainda pude experimentar alguns pontos e enroscar em algumas térmicas me preparando para amanhã.

Sim... tem que puxar, alinhar e correr ali naquele espacinho
Bem, o saldo final está positivo por enquanto. A previsão era decolar de Ecoporanga para Vargem Alegre (Barra de São Francisco) amanhã mesmo. Então, amanhã subo cedo e vou fazer o máximo para fazer a rota até a rampa de Vargem Alegre. O potencial de Ecoporanga é fantástico. A mecânica da área da rampa (entorno) é muito favorável para coleta de correntes e bons desprendimentos. Gostei do que vi e experimentei.






Visual da área coletora... espetáculo!!!
Visual da rampa Pedra do Fujiama
Continuem Acompanhando!!!

2o Dia: Ponto Belo a Ecoporanga

Esta terça feira, 14.04, foi um dia marcado pela superação. O plano inicial era fazer o trajeto da divisa até Ecoporanga em 3 dias, mas resolvi me testar. A 1a perna foi feita dentro do previsto para 3 dias, com 39km e a segunda e terceira seriam de 30km. Então, como estava me sentindo bem, mandei os 60km restantes ontem mesmo.
Não foi fácil. Não foi nada fácil. Mesmo treinando desde Dezembro especificamente para este projeto, sei que algumas coisas só se experimenta na prática. A estratégia foi fazer o início da manhã num rítimo mais leve e segunda metada mais puxado. Na parte da tarde fiz a mesma coisa e, para superar todas as limitações físicas que foram aparecendo, baixei o rítimo e só me foquei em dar passos... passos... passos. Funcionou!
Só quem desiste conhece o limite. Eu não sei qual é o limite. Estou me dedicando totalmente a cada momento de cada dia e o meu foco é cumprir cada etapa. Não estou mirando na divisa com o RJ, estou mirando em cada pequena etapa, pois sei que se todas forem bem sucedidas me levarão à divisa com o RJ.
O mais complicado no dia de ontem, apesar de já sabido, foi encarar aproximadamente 30% de todo o percurso em ascensão. Sim, subida subida... subida subida subida... +subida +subida +subida... e mais subida!!! Na parte da tarde, todo o corpo pedia pausa, pedia descanso, pedia para parar... mas, quando a mente está no controle, a coisa flui.
Foi uma sensação maravilhosa chegar a Ecoporanga. O prazer da conquista... o sentimento de superação... a satisfação por dar sempre um passo a mais do que parecia possível a cada momento. Foram 16h na estrada. Quase 12h em movimento (sim... quase 12h andando). O treino, a concentração, o foco, a determinação... tudo junto me levou ao cumprimento da missão.

Curtam alguns momentos ai:




















Continuem acompanhando!!!

Foi dada a largada!!!



Finalmente, agora está valendo. Eu estava super ansioso para iniciar este projeto... começou!!!
Saimos às 4h40 do hotel e chegamos à divisa do ES com MG por volta das 5h20... sim um pouco atrasados. Mas foi bom, estava muito escuro e a rodovia não tem acostamento, mesmo com as luzes de sinalização frontal e na mochila, achei que o risco era alto para caminhar ainda escuro. Tanto que a partir de amanhã vou caminhar a partir das 5h40, quando o sol já nasce e ilumina tudo por aqui.





A caminhada começou com o nascer do sol e toquei até a cidade de Mucurici-ES, 30km. Na parte do asfalto, 12km, foi tranquilo, me senti muito bem o tempo todo e, mesmo sem acostamento na rodovia, andei pela contramão (como recomendado aos pedestres) e fui muito respeitado pelos motoristas.
No 12km peguei o acesso de estrada de chão que leva a Mucurici e só parei para descansar por 20min no 16km. Depois caminhei mais 12km e parei para um descanso de 1h, depois do qual em 20min cheguei a Mucurici para a pausa mais longa.
O resgate me encontrou no ponto marcado e o descanso foi muito produtivo no hotel. Pude relaxar as costas e a musculatura das pernas e me preparar para mais 3h de caminhada antes do final do dia.
















Após o descanso de 2h, às 15h partimos para mais 18km. O descanso foi muito produtivo mesmo e sai do ponto de parada num rítimo bem acelerado. No início foram mais de 2km só de subida e fui com um passo determinado a fechar os 48km programados para hoje. Estava me sentindo bem... pernas, costas... show. Passo forte, subida... plano... Estrada de chão. Depois de 7km, comecei a sentir o calcanhar esquerdo. Como o motorista a partir de agora anda 6km na minha frente e me aguarda para reabastecimento de suprimentos, se necessário, foi logo após o primeiro apoio que o calcanhar começou a dar sinais de fadiga. Não reduzi o rítimo e com 9km tive que abortar o restante do dia. Chamei o resgate e optei por voltar para o hotel em Mucurici e iniciar as intervenções nas bolhas que se formaram.
O dia fechou com 40km, 8km a menos que o previsto, mas minha maior preocupação agora é recuperar os pés e conseguir andar amanhã o dia todo sem muito sofrimento e agravamento dos danos nos pés. Os pés são tudo em longas caminhadas e mesmo com dias de voos, caminhar vai ser uma constante neste projeto.

 




Me permitam compartilhar este pequeno sofrimento com vocês:









Estou fazendo recuperação nos pés... acredito que posso andar um pouco mais lento, mas o importante é avançar. Tenho 2 dias para cobrir 60km e acredito que maneirando é possível evoluir e ainda recuperar ativamente os pés.

Continuem acompanhando!!!

Vai Começar!!!

Tudo Pronto. Já estamos na cidade base para a largada, Mucurici-ES. Amanhã às 4h30 da manhã partimos para a divisa ES x MG e às 5h começo pra valer o 1o Trekking & Fly do Brasil.
Muitas aventuras, muita caminhada, muito voo e muitas surpresas nos aguardam nestes próximos 10 dias.


Neste dia de deslocamento para o norte do estado, passamos na rampa de Ecoporanga, que é a única que eu desconhecia totalmente. A rampa não é das melhores e não está em uso atualmente, mas tem uma área limpa que torna possível uma decolagem segura com algum vento entrando alinhado.




O piloto que voava em Ecoporanga passou a praticar o voo em paramotor, abandonando a rampa, e atualmente parece que se dedica somente ao motociclismo.
De qualquer forma, estou otimista em relação à rampa devido à condição aqui na região que está muito boa. O negócio é chegar, avaliar e fazer o melhor possível dentro do objetivo do projeto.



A princípio vou caminhar da divisa do ES x MG até Ecoporanga para então poder começar a voar. A boa notícia é que soubemos na pizzaria de Ponto Belo, onde jantamos, que já foram feitos voos de parapente em Ponto Belo. Assim sendo, meu apoio Joaqson irá averiguar a informação e fazer uma avaliação do local para ver se realmente é possível uma decolagem e se há chances de encaixar um cross para Ecoporanga, o que me salvaria um dia ou dois de caminhada.








Trekking & Fly ES 2015
B r i e f i n g   d o   P r o j e t o

Objetivo
                Travessia de todo o Estado do Espírito Santo, de Norte a Sul, utilizando como meios de locomoção somente a caminhada e o voo livre em parapente.

Distância
                580km – Trajeto

Roteiro

DIA 1 - 13.04.2015 a 15.04.2015 (máximo 3 dias)
                Largada: Divisa Norte ES x MG - Rodovia ES130
                Destino: Ecoporanga-ES
DIA 4 – 16.04.2015
                Largada: Ecoporanga-ES
                Destino: Vargem Alegre, Barra do São Francisco-ES
DIA 5 – 17.04.2015
                Largada: Vargem Alegre, Barra do São Francisco-ES
                Destino: Pancas-ES
DIA 6 – 18.04.2015
                Largada: Pancas-ES
                Destino: Baixo Guandu-ES
DIA 7 – 19.04.2015
                Largada: Baixo Guandu-ES
                Destino: Afonso Cláudio-ES
DIA 8 – 20.04.2015 a 21.04.2015
                Largada: Afonso Cláudio-ES
                Destino: Cachoeiro do Itapemirim-ES
DIA 10 – 22.04.2015
                Largada: Cachoeiro do Itapemirim-ES
                Destino: Divisa Sul ES x RJ - Rodovia BR101

Detalhes Operacionais
Um carro de apoio fará o deslocamento do atleta de Vila Velha ao ponto de partida no domingo à tarde para pernoite na cidade de Montanha-ES;
- O atleta se deslocará de maneira autônoma por todo o trajeto, podendo apenas ser removido* pelo veículo de apoio nos casos previstos:
                i. urgências ou emergências;
                ii. pernoite em locais adequados;
                iii. riscos claros à permanência em local remoto;
                iv. reparos ou manutenções de equipamentos;
* a remoção envolve a retirada do atleta de um ponto e posterior retorno do mesmo ao ponto exato da retirada.
- Todo o trajeto será registrado em tempo real via rastreador SPOT e também em unidade GPS para posterior download e possíveis averiguações de comprovação;
            - A partida será às 5h da manhã do dia 13.04.2015 na rodovia ES130 divisa com MG;
            - O veículo de apoio transportará alimentos e bebidas complementares para o atleta;
            - O início de deslocamento, quando em caminhada, se dará sempre às 5h da manhã;
- Quando o piloto for removido da rampa de voo, o mesmo será retornado à rampa em horário compatível com a possibilidade de decolagem e realização do voo a distância para o próximo destino;

Em caso de insucesso na tentativa de realização do voo a distância para o próximo destino, o piloto pode regressar para a rampa de decolagem no veículo de apoio, uma vez que não há qualquer benefício no cumprimento do trajeto, ou optar por prosseguir caminhando para o próximo destino;

Um comentário:

  1. boa tarde meu amigo gostei da performance lugares bonitos.
    eu gostaria de saber se vc conhece algum representantes da LittLe Cloud Spiruline GT2
    no brasil.
    eu achei as velas muito interessante gostaria de ver preço e forma de entrega
    obrigado um bom fim de semana
    boms voos

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