segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

XC - Ciclos Térmicos

Falando um pouco mais sobre técnicas de Cross Country (XC), vamos falar neste texto sobre alguns detalhes, aparentemente, óbvios mas que, no decorrer da nossa prática de voo, acabamos nos esquecendo quando planejamos um voo de distância.
O gráfico acima demonstra o dia térmico, traçando a inclinação do SOL do quadrante leste (E) para o quadrante oeste (W). Por questões de entedimento e buscando compreender o máximo de regiões do Brasil, coloquei o SOL em um ponto de aquecimento já produtivo a partir das 7h da manhã, como acontece em algumas rampas do nordeste, e até as 18h, que é meio que um padrão para o final do dia térmico em todo nosso país.
A régua inferior do gráfico, horas produtivas, apenas demonstra que, quando mais cedo o piloto decolar, mais horas produtivas de voo terá pela frente para ir mais longe.
Parece simples... parece óbvio... mas, na boa, quantas vezes você investiu num dia de voo para tentar descobrir se era possível decolar mais cedo no seu sítio de voo? E ai, você tem a resposta do horário mais cedo que você consegue decolar no seu sítio de voo? (a resposta é para você mesmo)
Quando se fala em XC, voo de distância, tanto faz a que altura você foi, qual a térmica mais forte que você pegou, quantas entubadas você deu, quantas horas você voou... o que importa no final é a distância que você colocou entre seu ponto de decolagem e seu ponto de pouso. Ponto!
Então, quer ir mais longe, uma das técnicas que convido você a aprimorar agora é decolar mais cedo e tentar voar até o final do dia.
Avaliando a janela do dia térmico, vamos apimentar um pouco a assunto e falar um pouco sobre os ciclos do dia térmico, ou ciclos térmicos.
Desde o momento em que o sol atinge a superfície terrestre e consegue provocar as convecções (ar na superfície que se aquece a ponto de formar uma parcela de ar isolada termicamente do ar a sua volta), começam os ciclos térmicos. Para o voo, por razões óbvias, que importam as convecções que partem para a formação de fluxos ascendente, que chamamos de térmicas.
Bem, o gráfico acima tenta descrever visualmente o que, por padrão, acontece durante um dia térmico. Eu costumo dizer que o dia se divide em duas grandes janelas, a matinal e a vespertina e que, entre uma e outra, existe um intervalo que trato como um suspiro da virada da janela matinal para a vespertina.
Observe que cito algumas características básicas dos ciclos na primeira janela, a vespertina: Agressivo, Rápido, Imprevisível. Ou seja, as térmicas da primeira janela são mais agressivas por estarem iniciando a instabilização do dia, os ciclos são rápidos devido ao pouco acumulo de energia nas convecções e a imprevisibilidade se dá justamente devido à luta da instabilização contra a inversão de superfície (que rola todo dia no início da manhã).
Bem, observem as características acima... é ai que mora a complexidade técnica de se decolar cada vez mais cedo num sítio de voo. O piloto tem que ter estas características em mente e lidar com a condição preparado para este cenário geral. Paciência, se arrastar sem pressa para longe da rampa, pular para todo sinal claro de ascendência à frente na rota, parar em qualquer coisa que suba... praticar uma técnica que, acima de tudo, prime pela permanência em voo nesta janela matinal. (em outro texto detalharemos mais a questão da postura)
Um detalhe muito importante a frisar aqui é que o piloto deve voar ligado ligado ligado no horário do dia e no comportamento das térmicas da janela vespertina à medida em que se aproxima das 12h. Por padrão haverá uma respirada de entre 30min a 1h na condição. Momento em que as térmicas costumam ficar fracas, rareiam na região e a pior coisa que pode acontecer é o piloto desavisado ser pego baixo nesse horário: POUSO PRECOCE GARANTIDO!
Já na janela vespertina, tudo de bom... os ciclos começam a ter um padrão, a condição dá uma regularizada, o teto sobe numa velocidade maior (e vai subindo até o final do dia), as transições rendem mais etc. Ser objetivo na rota, não perder tempo em térmicas abaixo da média, tentar parar somente nas térmicas alvo das transições (exceto que encontre algo bem acima da média no meio do caminho), não esperar a base chegar para seguir sinais claros à frente... praticar uma técnica que, neste momento, maximize a distância voada com base na objetividade e velocidade de navegação. (em outro texto detalharemos mais a questão da postura)
Certo amigos, o objetivo deste breve texto é provocar uma reflexão e, aos que acharem válido, convidar a experimentações conscientes. Como sempre digo, se transformar num piloto técnico e regular é uma questão de prática com embasamento técnico.
Bons e longos voos!!!

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