segunda-feira, 6 de abril de 2015

Trekking & Fly ES... como surgiu???

Alguns colegas mais próximos têm me perguntado durante este tempo de treino de onde, afinal de contas, surgiu a idéia de fazer um trekking & fly, por qual razão atravessar o ES e outros detalhes. Resolvi, então, descrever neste post um pouco do que está por trás deste projeto desde seu início.

1o. Como surgiu a idéia de fazer um projeto do tipo Trekking & Fly?
Vulcão Villarica - Pucon - Chile (Out/2014)
R.: A terra fértil para este tipo de projeto sempre existiu em minha mente, principalmente por ser um cara hiperativo. Sempre gostei de desafios que envolvessem preparo físico e, mais ainda, do doce sabor da superação. Esta terra fértil foi tratada durante o ano sabático que tirei do voo, entre o final de 2013 e final de 2014. Precisava de alguns novos motivadores para me reentregar ao voo como antes. A escalada do Vulcão Villarica, na cidade de Pucon no Chile, em outubro de 2014, foi a grande semente lançada na terra fértil e, a partir dai, um dos fatores mais importantes neste processo foi buscar algo que fosse inovador numa grande escala (Brasil ao menos), que realmente envolvesse uma grande dose de planejamento, preparo físico e mental e que, de alguma forma, motivasse uma nova abordagem na forma como o voo livre pode ser praticado aqui no Brasil. Foi ai que surgiram dois (2) projetos que me reconectaram intensamente com o voo, um deles a realização de uma grande viagem de um ponto A a um ponto B usando como meios de transporte somente meu corpo, com o devido preparo físico e mental, e o parapente.

2o. Por que atravessar o ES?
R.: Com o tipo do desafio em mente e a dimensão desejada já bem clara, comecei a buscar distâncias desafiadoras que pudessem ser cobertas num prazo máximo de 10 dias, envolvendo caminhada e voo. Com o RedBull X-Alps em mente (atualmente com 1.038km de distância) e também lembrando do desafio RedBull Adriatic Circle (um hike and fly, em dupla, de 1.800km pela europa, interropindo após 27 dias e 1.207km por conta do acidente de um dos pilotos, Tom Dorlodot) cheguei a uma distância desejada de, no mínimo, 500km. Fazendo mais algumas avaliações, buscando rampas e trajetos conectados que tivessem o vento a favor ou, ao menos, não contra e pernas com distâncias de baixa dificuldade, me deparei com o próprio estado do ES, onde moro. Em linha reta, são exatos 380km entre a divisa norte com MG, na Rodovia ES-130, e a divisa sul com o RJ, na Rodovia BR-101. A rota traçada, considerando o trajeto por terra, tem aproximadamente 580km.


3o. Equipamentos: Comuns ou Específicos?
R.: Os equipamentos para este tipo de projeto se dividem em dois grupos: Para Caminhada e Para Voo. Para caminhada fiz uma boa pesquisa de vestuário: tipos, materiais, pesos etc. Tive que comprar praticamente tudo: Tênis, Bastões de Caminhada, Calças, Camisas, Meias para Caminhada Plana e para Trail e Meias de Compressão. Não recomendo o uso de vestuário comum ou para corrida comum. Para voo os equipamentos são todos bem diferentes. Estes são os mais críticos devido à diferença de peso em relação aos equipamentos comuns. Uma mochila comum pesa entre 19kg a 22kg em média. Uma mochila para caminhada e voo não pesa mais do que 10kg completa. Quando fechei a parceria com a Sky Paragliders no final de 2014, já o fiz tendo este projeto em mente e estou super bem servido, tanto que tenho um equipo leve mesmo sem usar um parapente XLite ou específico só para montanha. O meu Sky Argos M-L (EN-C) pesa somente 4,5kg. Aproximadamente 2kg a menos que a maioria dos EN-C tradicionais do mercado. Minha selete Sky Reverse 3NG M (mochila e selete reversível) pesa somente 3,5kg e meu reserva MCC MicroLight 1,2kg. O restante da carga fica por conta do Vário Tirante A CB (Competition Basic), um mini GPS Holux 245 e o capacete Lazer Element.

4o. Como é o preparo para um projeto desta natureza e dimensão?

R.: O principal desafio para mim, apesar de não tão grande, seria cuidar do condicionamento físico para adequá-lo a este tipo específico de aventura. Precisava perder mais peso, ganhar condicionamento para longas horas de exercício aeróbico e fortalecer a musculatura das costas.  Optei por treinar longas caminhadas e fazer treinos intervalados, nadar com nadadeiras, pedalar por mais de 4h e também treinar com a mochila e vestuários de acordo com a realidade do dia a dia do projeto. A disciplina de voar longas distâncias com o parapente é fundamental para este tipo de aventura, afinal, quanto mais se voa menos se anda. Mas, neste projeto específico, não há o desejo de se cobrir toda a viagem ou o máximo possível voando. Este projeto se chama Trekking & Fly justamente por visar ser executado com boas e longas caminhadas e também com bons e longos voos. De qualquer forma, o XC é meu modo padrão de voo. Outro diferencial para um projeto destes é a facilidade de navegar pela região a ser coberta. Então, uma das fases de preparo é fazer a rota de carro e estudar de perto toda a região por onde se passará andando ou voando para avaliar as possibilidades.

Bom, em resumo, é isto. Agora o importante é passar uma semana bem tranquila. Fiz um trenio médio de speed hoje (70km) e na próxima 4a e 5a farei duas caminhadas de 10km/1,5h. Sábado faço um treino de giro com a MTB de média duração e domingo descanço e viajo para o norte do estado, onde durmo e aguardo a hora da largada: 2a feira - 13 de Abril - 5h da manhã.

Fiquem ligados em tempo real nesta aventura:
http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0srrELRx2IKfPTHXgCambf79jKGVOpd75

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