domingo, 11 de janeiro de 2015

Voozinho - Alfredo Chaves x Cachoeiro do Itapemirim

A condição estava meio estranha, mas mesmo assim subimos eu (SKY Argos - EN C) e Marcelo Ratis (MAC Elan - EN C) para fazer um XC. O objetivo era voar para Oeste (atrás da rampa de Alfredo) e tentar fazer uma rota para Castelo e Jerônimo Monteiro. Subimos animados e já fomos preparando os equipamentos e decolamos. Na saida a condição já se mostrava bem ativa. Sai e já mandei alguns bordos na cara da rampa. Fui rastreando e cheguei sobre a casa do Larica, onde peguei uma condição bem intensa que foi arredondando e subindo forte. O Marcelo decolou um pouco antes e passou direto para o paredão da antena. Ele achou uma condição, mas demorou mais a engatar forte. Fui para a estratosfera e fiquei enrolando para o Marcelo juntar um pouco. Bati mais de 2.000m e dei o primeiro tiro para Oeste. O visual do relevo e das restrições de pouso são de arrepiar, mas homem é homem e menino é menino. Mandamos bala. Fui na frente e a tranquilidade só veio quando bati na 2a do dia e consegui subir muito bem, voltando para o 2o andar. O Marcelo veio rápido e pulou na mesma. Dali vimos que o voo não ia ter o apoio do vento e alteramos a rota para sul, passando por Cachoeiro.


Transição já na rota alterada, seguindo rumo a Cachoeiro do Itapemirim. Acabamos saindo da região de montanhas atrás de Iconha. Acabou que a tirada inicial virou um mero contorno e distância que é bom... quase nada. Mas valeu demais o visual e a experimentação desta rota.


Na foto abaixo, já alinhado para Rio Novo do Sul. De lá passaríamos pelo Frade e a Freira e atravessaríamos o vale de Cachoeiro ou entraríamos para Cachoeiro, seguindo dentro do continente. Dependeria do comportamento do vento no vale.

 

Alguns voos nos reservam ao seu final apenas a distância como recompensa. Neste voo de ontem, apesar de a distância final não ter sido grandes coisas, o que valeu foi o grau de dificuldade técnica para fazer a rota, a concentração para enfrentar 2 horas de voo bem ativo e tomando porrada e, o melhor de tudo, ficar um tempo colado no famoso paredão de pedra do Frade e a Freira.




Entramos a direita de Rio Novo um pouco baixo e falei com o Marcelo para nos segurarmos numa bolhinha e garantirmos a escorregada para o paredão que de lá deveríamos sair. Ficamos uns 10min presos no paredão mas não conseguiamos encaixar uma boa para sair. Foi quando falei com o Marcelo que daria um último tiro e se não subisse iria abandonar. Quando botamos no tiro, o Marcelo me avisa no rádio uns urubus subindo bem. Ele encaixou rápido e subiu, eu passei um pouco do ponto e ao retornar não consegui encaixar, o fluxo passou muito rápido.
 

Como o Marcelo subia bem, eu não podia mais simplesmente abandonar o voo e fazê-lo também abandonar. Consegui subir um pouco e com o mínimo suficiente dei um tiro para o outro lado, seguindo a rota, em busca de alguma coisa.
Avisei ao Marcelo para manter e focar o voo que eu não ia largar o osso. Fui rastreando uma linha até o chão... chão... chão... ventão... chão... turbulência... voo em "S" (snake flight) para alimentar o ThermalCompass (TC)... avalio uma rampa perfeita para uma possível saida e o TC me aponta a direção exata de um movimento ascendente. Pow... pi pi pi pi piiiiiiiiii... Canhão!!!
Fui para a estratosfera no início da travessia da boca do vale de Cachoeiro. O Marcelo tirou de onde estava e veio para a termal e reconectamos o voo.




No vale de Cachoeiro avaliamos se era para entrar para Cachoeiro ou se deveríamos continuar descendo para Sul. O vento não dava opção, era continuar descendo para sul.
Quando fizemos a opção o Marcelo me chama no rádio e fala que já deu. Agora era a hora dele propor que abandonássemos o voo. Eu propus seguirmos mais um pouco, mas a ralação tava foda. Conseguiamos boas térmicas, mas a condição estava muito brigada e as chances de fazer mais 50km eram as mesmas de pousar nos próximos 10km. Optamos por abandonar o voo e pousar as margens da BR 101. 


Neste voo, por experiência, usei um rádio BAOFENG DUAL BAND. Ano passado recebi alguns questionamentos quanto a estes rádios e não tinha como falar com muita propriedade. Bem, resolvi comprar um com meu parceiro Igor (www.skydriver.com.br) e experimentar.
O grande teste será o de durabilidade. Rádios HT/Móveis 2m normalmente duram uma vida. Eu sempre usei Yaesu/Vertex ou iCom. Nos últimos 13 anos tenho usado somente iCom, inclusive meu rádio base instalado no carro também é iCom. Longa vida e resistência aos trancos são as maiores características que um rádio deve apresentar além, obviamente, do correto funcionamento com emissão compatível com sua potência.
O que posso falar é que o falante funciona muito bem. Voei usando o sistema de áudio/mic conectado ao rádio que, por ser bem compacto e leve, levei dentro do meu porta instrumentos. O sistema de fone encaixa muito bem na orelha e não incomoda em nada com o uso do capacete. O PTT tem um pequeno prendedor no fio que permite regular posição e afixação para uso em voo sem maiores complicações.
Bem, por enquanto é isto. Continuo levando meu iCom na bolsa para possíveis imprevistos (sim, sou meio desconfiado também) mas vou experimentar o BAOFENG como principal para em breve dar novos relatos. Por enquanto, o custo x benefício vale muito a pena.


Voar XC é a minha paixão e por mais de 15 anos meu padrão foi voar sozinho. Acho que, justamente por isto, aprecio mais quando acho um piloto bom que se anima e consegue voar junto comigo o tempo todo. Sou muito objetivo no voo de XC e não gosto de perder tempo nem ficar enrolando... isto acaba quebrando algumas regras e dificulta que outros pilotos voem o tempo todo comigo. Mas nestes últimos dias foi gratificante fazer alguns voos na companhia do meu parceiro Igor Perácio e agora com o grande Marcelo Ratis. Show!!!


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