quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Novos Projetos EN-B e EN-C

Olá amigos pilotos!
O primeiro artigo deste retorno será conectado com a atual realidade de nosso mercado de oferta de modelos de parapentes para a maior parte dos pilotos ativos no Brasil e no mundo: os pilotos de diversão, lazer e final de semana.
A grande maioria dos pilotos se diverte fazendo voos locais e uma grande parcela, principalmente no Brasil, está começando a se entregar aos prazeres de viajar com seu parapente utilizando somente as térmicas e seus conhecimentos como combustível para ir cada vez mais longe.
Bom, a boa notícia é que existe uma bela variedade de modelos de parapentes no mercado atualmente que suportam a missão de te levar onde seus conhecimentos le permitirem com muita eficiência e segurança.
Bem, estou me referindo aos parapentes das classes EN-B e EN-C.



Estes dois primeiros modelos, como já é do conhecimento de muitos, são as duas máquinas tidas como as mais quentes do mercado aqui no Brasil. Os pilotos Rogério Félix e Alessandro Heringer foram os responsáveis aqui por pilotar o modelo da Skywalk, o Chili3, e provar que este é muito capaz de voar com segurança e entregando uma performance surpreendente.
O modelo da Gin, o Carrera, também vem fazendo muito sucesso no mercado, por enquanto ainda mais fora do Brasil.
Bem, o ponto é o seguinte: são duas velas da categoria B e que, nitidamente, se classificam como B Hot, por apresentarem características de pilotagem mais viva, mais ativa, com maior demanda de atuação do piloto durante o voo.


O Delta 2, projeto da tradicional e renomada Ozone, é uma vela da categoria EN-C. Diferentemente das Chili 3 e Carrera, o Delta 2 não fez tanto estardalhaço em nosso mercado. Qual a razão? Quem explica?
Bem, na verdade não há o que ser explicado. O grande problema aqui é a confusão entre classificação de uma vela na norma EN/LTF com a sua performance. A norma, LEMBREM-SE TODOS, apenas certifica que este ou aquele parapente, UMA VEZ EM SITUAÇÃO DE COLAPSO PROVOCADO EM ATMOSFERA ESTÁVEL SOBRE ÁGUA, tem um comportamento previsto na norma da categoria A, B, C ou D. Só isto!
Sim, é de se pensar (e faz sentido na prática) que um projeto mais seguro teve seu projeto desenvolvido de maneira mais conservadora que um projeto um pouco mais apimentado. Mas... será que está tudo certo agora? Na verdade não.
O Delta 2, para dar um exemplo, tem um estilo de pilotagem muito, consideravelmente, mais estável que os modelos Chili 3 e Carrera. Ou seja, quando voando, o piloto tem uma tranquilidade de pilotagem e margem de manobrabilidade superiores aos disponíveis no Chili 3 e Carrera. Apesar de que, uma vez em situação de colapso, estas duas terem uma reação menos agressiva que o Delta 2. E ai... ficou mais claro ou mais confusa a história?


Para melhor entendimento, vamos usar o Golden 4 da renomada marca Checa Gradiente.
O Golden 4 é uma vela B mais tradicional, com reações certificadas no meio da categoria e com performance de respeito e totalmente adequada ao mercado atual.
Bem, se fizermos um comparativo em voo entre o Golden 4, Chili 3 e o Carrera... provavelmente o piloto do Golden 4 se sentirá voando numa vela de uma categoria inferior. A diferença básica é muito grande? Nem tanto assim, mas perceptível a ponto do piloto talvez se sentir num equipamento "inferior".
Ai está o ponto que quero ALERTAR aos pilotos: não se pode confundir o nível de certificação de um parapente com o seu nível de performance e tão pouco se pode confundir o nível de certificação com o nível de pilotagem ativa necessário para se sentir confortável com o parapente.
E é dai que sai a minha mensagem principal neste post: ao escolher um parapente, não tome como base somente a certificação do mesmo. Consulte pilotos que possuam o parapente, tente fazer um test fly antes de confirmar sua opção e, principalmente, consulte, pergunte, se informe com pilotos mais experientes.
Como sempre digo em minhas palestras XCb, o que leva um piloto mais longe num voo de distância (XC) é a sua mente, seu grau de conhecimento teórico e prático e suas habilidades mecanicas de pilotar, aproveitar bem cada ascendente e voar de maneira objetiva e eficáz nas transições.


Para citar um outro exemplo de velas da categoria B, apenas para melhor entendimento do já exposto até aqui, vale avaliar o projeto Mentor 4, da pioneira Nova. O Mentor 4 se trata de uma vela certificada na categoria B e com grau de exigência de pilotagem um pouco avançado, mas dentro de uma faixa tolerada, na minha opinião, para pilotos com o perfil de pilotagem B intermediário.
Um projeto de sucesso desde sua primeira versão e que vem se aprimorando a cada novo lançamento.


Avançando um pouco mais no assunto, cito alguns projetos EN-C que estão ganhando destaque no mercado mundial. O novíssimo Elan, da MAC, tem sido bastante elogiado pela mídia e pilotos pelo mundo todo como uma vela do meio da categoria C, não sendo uma C Hot, e com performance adequada e comparável com qualquer C do mercado, Hot ou não.
Uma de suas características mais elogiadas tem sido sua capacidade de subida em térmicas, uma parte do voo muito crítica para o sucesso em qualquer XC.
Não têm sido raros os comentários de alguns pilotos de que se pode pilotar velas C com "aparente" sensação de maior tranquilidade do que algumas velas B. Isto, eu posso assegurar, É FATO.


Para finalizar, eu não poderia deixar de tocar em um outro assunto que é a questão do modismo tecnológico versus resultados práticos de um projeto de parapente.
Recentemente fechei uma parceria com a Sky Paragliders, uma parceria que já havia sido preparada em 2013 mas que foi posta na gaveta por uma opção pessoal minha de dar uma desconectada do lado profissional do voo.
Tive o prazer então de conhecer o projeto Argos, uma vela certificada EN-C. O Argos vem chamando a atenção do mundo do parapente por ter posto à prova um conceito que eu já conhecia de muitos anos em conversas com projetistas e que no mercado acaba não sendo visto pelos pilotos menos engajados no lado profissional do esporte.
Eu sempre disse que existem nos projetos de parapente recursos técnicos e recursos tecnológicos. Os recursos técnicos são aqueles que aplicam-se a produzir resultados diferenciados. Os recursos tecnológicos são aqueles utilizados para agregar tecnologia ao projeto. Nem sempre tecnologia é igual a resultado diferenciado.
O meu amigo pessoal e projetista André Rottet, nunca acreditou no Rigid Foil. Nunca acreditou e nunca os incluiu no seu projeto. Sempre foi taxado de cabeça dura por muitos. Bem, onde andam os tais Rigid Foils nos projetos atuais?
Quando a Ozone lançou com sucesso (não significa que tenha sido a precursora) as talas e a suspensão com apenas 2 linhas (híbrido), ai sim meu amigo André o que fez? Soltou o 2o parapente do mundo com tais recursos técnicos e tecnológicos, evoluindo para 2 linhas puro, e que realmente voava com estabilidade e segurança.
Quanto ao Argos, o que o faz assim tão estranho ao mundo das tendências hoje em dia? Não usa talas, não usa Rigid Foils, não usa micro células, não usa Shark Nose, não usa 2 e, acreditem, nem 3 linhas. Sim, isto mesmo. Mas, o mais incrível é: A VELA ENTREGA O RESULTADO FINAL IGUAL, SE NÃO SUPERIOR, EM TODOS OS QUESITOS DE PERFORMANCE EM VOO, AO DA GRANDE MAIORIA DOS PROJETOS DO MERCADO QUE SAEM DE FÁBRICA COM TODOS OS SABORES DE TECNOLOGIA EMBARCADOS.
Lembro de quando as velas de competição foram para as 3 linhas e meu parceiro André se manteve nas 4 linhas. Sim, as críticas choveram... cabeça dura!!! Lembro bem das explicações que ele me deu descrevendo a complexidade de se manter o perfil estável. Lembro da vela do, saudoso, Nicolay - Boomerang, que tinha um enorme vinco no extradorso... Bem, infelizmente, uma realidade conhecida somente por projetistas e pilotos muito técnicos.
Bom, este texto não tem a intenção de criar realidades, apenas de provocar reflexões. Trocar pontos finais por interrogações.
Divirtam-se e voem tranquilos. NO XC, MAIS VALE MENOS STRESS DO QUE MAIS VELOCIDADE E PLANEIO!!!

4 comentários:

  1. Gostei da publicação CB, vlw!
    Estou pensando em trocar o meu Cayenne4, estou na dúvida entre o Cayenne5 (que será lançado mês que vem, mas já temos informações sobre o projeto) e o Carrera.
    Qual a sua sugestão?

    Abç,

    Virgílio

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    1. Virgílio, desculpe a loooonnnga demora na resposta. Agora a resposta já pode até te ajudar de maneira pronta: No seu caso, Cayenne 5.

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  2. QUAL DESSAS VELAS SERIA A MELHOR EN-C
    CAYENNE5
    TRITON 2
    englobando todos os pontos de vista....planeio, segurança, durabilidade ou existe uma vela melhor ?

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    1. Opa.. to esperando esta resposta tbm..rsrs
      To voando no triton 2 , vela que exige muito do piloto, nao pode relaxar muito nao, já lancei o reserva com ele , fechada muito forte de 70%. Tem um o vídeo do meu reserva no YouTube. . Bruno costa é meu canal

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